A expulsão do revolucionário Leon Trotsky e o esmagamento da vanguarda proletária do Partido Comunista da União Soviética (PCURSS) significam o avanço do Termidor, isto é, de um recuo político sem a restauração do antigo regime no país da Revolução de Outubro.
O processo de ascensão da burocracia no interior do PCURSS se intensifica com a morte de Lênin, no ano de 2024. Com Stálin à cabeça, a burocracia já conspirava para tomar por dentro o partido bolchevique e o Estado Operário. A morte do principal dirigente revolucionário fez com que os planos golpistas da burocracia se acelerassem. A Troika, uma fração secreta formada por Stalin, Zinoviev e Kamenev no interior do Partido, preparava o terreno para a luta política contra os revolucionários bolcheviques.
A campanha contra o “trotskismo”, responsável por uma quantidade gigantescas de mentiras e calúnias contra Trotsky, foi lançada na imprensa para permitir que a burocracia avançasse na luta contra a ala esquerda do partido bolchevique, encabeçada por Trotsky e a Oposição de Esquerda. Por uma série de manobras burocráticas e controlando os órgãos de repressão do Estado Operário, o stalinismo consolidou sua dominação política sobre o conjunto do Partido e sobre a classe operária.
O problema é que a política da burocracia stalinista centrista era caracterizada por zigue-zagues, que levaram à derrota da Revolução Alemã, da greve geral na Inglaterra e no massacre dos comunistas na Revolução Chinesa. As derrotas no âmbito internacional da classe operária fortaleceram a burocracia, que adota a teoria do socialismo em um só país. Em contraposição, Trotsky defendia a teoria da Revolução Permanente, que dizia que a revolução começava no terreno nacional, se desenvolvia na arena internacional e terminava em âmbito global. A Revolução de Outubro era só um pontapé para a revolução mundial e não era possível a existência de um regime socialista em um único país cercado por países capitalistas hostis.
As perseguições de militantes oposicionistas têm início no período posterior à morte de Lênin. A acusação feita contra os oposicionistas era a de que estes quebravam a disciplina partidária, formavam frações e colocavam em risco o regime da ditadura do proletariado. No ano de 1927, logo após um congresso partidário, Trotsky e diversos militantes da Oposição são destituídos de seus cargos e expulsos do PCURSS.
A partir do momento da expulsão dos oposicionistas, a repressão política se intensifica ainda mais no interior do Partido Comunista. Prisões e deportações massivas são levadas a cabo contra estes. A burocracia stalinista se utilizava de diversos métodos para forçar a capitulação política dos oposicionistas, como demitir de seus cargos, transferir para lugares inóspitos, colocar sob vigilância da GPU. Nos anos 1930, o tratamento dado aos oposicionistas “trotskistas” será o extermínio físico em massa e o encarceramento nas prisões políticas.
Trotsky não capitula frente à implacável perseguição do stalinismo. O combate pela política correta e pela restauração da democracia operária no Estado Soviético e no Partido Bolchevique são suas bandeiras de luta.