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Revolução Farroupilha

10/09/1837: Bento Gonçalves foge da prisão

Bento Gonçalves era o principal líder da Revolução Farroupilha e estava na prisão política após ser capturado em batalha, após a fuga conseguiu retornar ao Rio Grande do Sul

No dia 10 de setembro de 1837 o general e líder da Revolução Farroupilha, Bento Gonçalves da Silva, fugiu de sua prisão política, o Forte de São Marcelo na Bahia. A fuga teve total sucesso e ele conseguiu voltar ao Rio Grande do Sul no dia 16 de dezembro e se tornar o presidente da República Rio Grandense que lutava contra o reacionário Império do Brasil, ainda no período da regência, numa luta que se estendeu até sua derrota em 1845, quando Dom Pedro II já estava no poder, foi a guerra civil mais longa da história do país.

A Revolução Farroupilha se deu na conjuntura da crise do regime político que foi a regência, período entre a abdicação de Dom Pedro I e a ascensão de Dom Pedro II em que o país não possuía rei, mas era governado por regentes. Essa crise faz parte da primeira tentativa de revolução burguesa do Brasil que foi o processo da independência, declarada em 1822. A história do Brasil costuma ser apagada pela burguesia que tenta criar uma imagem de que o povo nunca se mobilizou e que só existiram disputas entre as classes dominantes. A independência costuma ser usada de exemplo, nada poderia ser mais falso.

Apesar de não ser uma história épica como a da independência da Gran Colombia, liderada por Simon Bolívar, a independência do Brasil também só aconteceu devido a pressão popular, 5 anos antes havia ocorrido uma revolução que proclamou a republica em Pernambuco, que na época era a uma das províncias mais importantes e ricas do país, contudo ela foi derrotada. Depois da revolução do Porto (Portugal) em 1820 o povo se radicalizou ainda mais e corria o risco de a próxima grande mobilização acontecer no Rio de Janeiro (que era capital), por isso o príncipe Pedro declarou a independência para manter o controle da situação.

Houve uma enorme mobilização em todo o país para garantir a independência que se tornou uma guerra civil de 2 anos que terminou vitoriosa. Contudo o governo de Dom Pedro I assumiu uma política conservadora e, diante da polarização, no ano de 1831, após uma forte mobilização popular com adesão dos quartéis, ele abdicou para não ser derrubado, assim se inciou a regência, um período de grande crise. As maiores revoltas foram tão grandes que são lembradas até os dias de hoje, a cabanagem no Pará, a sabinada e o levante dos malês na Bahia, a balaiada no Maranhão e a própria farroupilha no Rio Grande do Sul.

No sul do país, uma região permeada por guerras contra o Uruguai e a Argentina e portanto com forte presença dos militares se estabeleceu uma aliança destes com a burguesia local que entrou em disputa com o governo central no Rio de Janeiro. Em 20 de setembro 1835 esse setor apoiado em camadas populares tomou a capital Porto Alegre militarmente, destituiu o presidente da província, que havia sido indicado pelo governo central, dando início a revolução. O Império rapidamente organizou a contra revolução mandando tropas e dando início a guerra civil que durou 10 anos.

O general Bento Gonçalves era a principal liderança militar e política do movimento e por isso foi capturado em outubro de 1836 em uma batalha, porém sua prisão política não durou muito pois em pouco mais de um ano voltaria ao Rio Grande do Sul. Em novembro de 1936, com a radicalização da revolução foi proclamada a república, como havia ocorrido em 1817 em Pernambuco, outra província do império desafiava a própria monarquia. Gonçalves foi escolhido como presidente e assumiu no ano seguinte no dia em que retornou.

O revolucionário italiano Giuseppe Garibaldi conheceu Bento ainda na prisão do Rio de Janeiro e abraçou a causa da farroupilha, ele se tornaria um comandante da marinha e junto ao exército dos farrapos conseguiu tomar Laguna, em Santa Catarina, e proclamar a República Juliana que abarcava metade do estado mas que foi rapidamente suprimida militarmente. Esse foi um dos últimos grandes feitos da farroupilha, já no ano de 1839. A burguesia gaúcha não assumiu uma postura realmente revolucionária, que seria necessária para derrotar as forças do império, ao invés disso partiram para tecer um acordo.

A guerra ainda durou anos e terminou apenas em 1845 como Tratado de Poncho Verde que estabeleceu um fim conservador ao conflito, em que o estado se manteria dentro do regime reacionário do império. As lideranças militares e burguesas não sofreram grandes represálias, o mesmo não aconteceu com os explorados. Os lanceiros negros compunham mais de um terço do exército republicano, a maior parte havia sido liberto da escravidão para lutar na guerra, em 1844, durante um acordo de paz, os exércitos do império massacraram mais de 100 soldados negros desarmados. Além disso a promessa de liberdade a todos os escravos que lutaram não foi cumprida.

Após o fim da guerra, o longo período do instabilidade do regime monárquico terminou, a monarquia só voltaria a ser abalada no fim do século com as grandes mobilizações contra a escravidão e pela república que seriam vitoriosas em 1888 e 1889 respectivamente. Contudo a revolução farroupilha mostra o histórico de intensa luta do povo brasileiro que muitos querem apagar com o claro objetivo político de inibir a luta nos dias de hoje.

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