Em Cuba, o dia 10 de Março de 1952 foi marcado pelo fechamento do regime. O ex-presidente Fulgêncio Batista, com apoio dos norte-americanos, forçou eleições chegando ao poder por um golpe militar. Seguiu-se um período de repressão sangrenta, que permaneceu até 1959.
A ditadura de Fulgêncio é parte de uma longa linhagem de opressão ao povo cubano. Desde o período em que a ilha era colônia espanhola – constituindo um ponto estratégico ímpar para a conquista dos povos americanos – o genocídio dos indígenas era regra. Até os dias de hoje, há pouquíssimos descendentes dos povos originários. Isso por que, a exemplo do que ocorreria em toda a América nos séculos seguintes, os nativos foram tornados escravos e assassinados aos milhares.
A partir daí, a demanda de trabalho escravo foi suprida pela mão de obra negra. O sistema de produção agrícola em larga escala (plantations) definiria o papel da ilha na divisão internacional do trabalho a partir de então. Além disso, a posição geográfica da ilha – a poucos quilômetros da Flórida americana – tornou-a refém do imperialismo norte-americano tão logo foi derrubado o domínio espanhol.
A disputa da influência sobre a ilha, inclusive, motivou uma guerra entre Espanha e Estados Unidos. A jovem potência industrial do novo mundo bancou uma guerra contra a potência da Era do descobrimento, após interferir no processo de independência da ilha.
A estratégia americana foi concebida de tal modo que Cuba saiu do domínio hispânico em dezembro de 1898 e, em 1902, promulgou uma constituição republicana delegando expressamente o poder de intervenção americana na política interna da ilha. Pelos próximos 30 anos, os presidentes seriam indicados pelos ianques, mantendo o sistema de plantation e a miséria a ele inerente, além de transformar o país em um bordel para os estrangeiros ricos.
A figura de Fulgêncio Batista surge pela primeira vez nesse período. O militar de 30 anos participou da Revolta dos Sargentos, que derrubou o governo de Gerardo Machado. Este, por sua vez, havia endurecido o regime após a crise mundial do açúcar (1925) afetar a economia insular.
Batista se tornou peça chave na política cubana a partir de 1934. Nominalmente, presidiu o país em duas ocasiões. De 1940 a 1944 governou o país pondo em prática suas aspirações nacionalistas, sem, contudo, nunca se opor frontalmente aos norte-americanos. Depois de sair do cargo, viveu em Miami até 1952, quando retornou ao país para concorrer novamente ao cargo de presidente. Derrotado nas urnas, partiu para a empreitada golpista. para os padrões da época.
Foi assim que, em 10 de Março de 1952, o governo cubano passou a ser ocupado por um político que, além de capacho dos americanos era um ditador sanguinário. Batista se alinhou aos ditames anticomunistas impostos pelo imperialismo e promoveu o terror no país, com escândalos astronômicos de corrupção e execução pública de qualquer um que se opusesse ao seu governo.
Obviamente, os americanos não tardaram a reconhecer o golpe como “democrático” e passaram a considerar Fulgêncio como presidente.
O terror durou quase uma década, até que a Revolução Cubana expulsou Fulgêncio de Cuba em Janeiro de 1959. A luta pelo fim da ditadura de Batista foi, na verdade, uma luta contra o próprio imperialismo norte-americano.