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Luta conta o colonialismo

05/08/1960 – Burkina Faso se torna independente da França

Burkina Faso - Uma historia centenária de luta anti-imperialistas, de políticas conciliadoras e traições

Até o fim do século XIX, a história do Burkina Faso foi centrada no império Mossi. Contudo, os franceses começaram suas ofensivas militares desde 1896 e somente capturaram a capital e o país em 1901. Desde então a região foi controlada pela França. Durante a Primeira Guerra Mundial, a região do Volta se rebelou contra o imperialismo francês, levando a guerra Volta-Bani. Com a vitória do imperialismo sobre a revolta e o fim da Primeira Guerra, a França formalizou sua colônia com o nome Alto Volta Francês em 1919. Volta é o nome do rio que nasce no país, hoje chamado de Burkina Faso.

A capital Ouagadougou em 1930. Imagem da Wikipedia do artigo sobre Burkina Faso

A colônia vivia sob condições bastante adversas. O plantio de algodão, imposto pela França, fracassou. A crise de 1929, seguida de uma seca em 1932, agravou ainda mais as condições de vida na colônia, levando a um estado endêmico de fome. O domínio francês nessa região nunca foi tranquilo. Durante a segunda década do século XX, várias etnias originárias se articularam em movimentos anticoloniais, visando combater abusos, como a tributação pesada, que drenava as riquezas do território africano, e o recrutamento forçado às forças armadas coloniais.

Após a Segunda Guerra Mundial, em 4 de setembro de 1947, a colônia foi reativada como uma parte da União Francesa. A França fez algumas modificações na estrutura governamental para dar um pouco mais de autonomia a região e assim evitar novas revoltas e mantê-la como colônia. Porém, a situação continuou de difícil controle para os franceses. E em 1958, a França foi obrigada a converter sua colônia em república, procurando dar um pouco mais de autonomia, porém ainda sobre o domínio francês.

As primeiras eleições de Alto Volta colocaram no poder a União Democrática Voltense/Coligação Democrática Africana (UDV-CDA), um partido que representava, em sua maior parte, comerciantes e proprietários de terra. Em dezembro de 1959, o parlamento da república autônoma designou Maurice Yameogo como presidente. Ele foi o responsável por negociar o fim da dominação oficial francesa, em 5 de agosto de 1960.

O primeiro presidente, Maurice Yameogo, renunciou em 1966 após contínuas greves operárias e entregou o poder ao tenente-coronel Sangoule Lamizana. Lamizana esteve no exército francês e, apoiado pelos sindicatos, assumiu a presidência do seu país em (1966) e vários ministérios. Ele dissolveu os parlamentos e os partidos em 1974 e também nacionalizou várias empresas estrangeiras em 1976. Também realizou uma nova Constituição adotada em 1977, criando a Terceira República. Em seguida, em maio de 1978, houve uma eleição presidencial, quando Lamizana foi reeleito presidente. Porém, foi derrubado, após 14 anos no poder, por um golpe militar liderado por Saye Zerbo em 1980.

Maurice Yameogo
Maurice Yameogo em 1960

Saye Zerbo foi ministro de relações exteriores de Lamizana de 1976 a 1978. E sua presidência foi muito breve, pois entrou em conflito com os sindicatos, levando as liberdades dos sindicatos e da imprensa a serem restringidas. Zerbo logo caiu (em 1982) por meio de um golpe de Estado. Os militares que deram o golpe formaram um conselho chamado de Conseil de Salut du Peuple (CSP). Neste golpe, o capitão Thomas Sankara deveria assumir o poder, mas retirou-se no último minuto, levando outros oficiais a escolherem Jean-Baptiste Ouédraogo devido sua alta patente. Jean não tinha apoio popular e nem experiência política e no governo tentando agradar tanto a ala marxista representado pelo Thomas Sankara quanto a ala associada ao imperialismo francês.

Coronel Saye Zerbo

Quédraogo se considerava um democrata liberal e sincero. Ele retirou as retrições sobre os sindicatos e a imprensa. No entanto, a grande mídia francesa atacava ele com o argumento de ser igual a Thomas Sankara. Isso levava o Quédraogo a atender as políticas do imperialismo, visto seu governo conciliador. Em 1983, uma nova conspiração de vários oficiais do exército tentou acabar com o CSP e restaurar o regime de Zerbo. Porém, ela foi frustrada e os oficiais conspiradores foram presos e Quédraogo se manteve no poder. Embora o golpe foi frustado e a situação no país estava ainda bastante complicada.

Enquanto isso, Sankara viajava por vários países comunistas e socialistas. E rumores circulavam entre a população de que o CSP, conselho militar que indicou Ouédraogo para o poder, assumiria uma abordagem esquerdista radical para governar e expropriaria pequenas empresas. Ouédraogo tentou amenizar os rumores e afirmou que iniciativa privada seria mantida.

Ouédraogo se encontrou com o conselheiro francês Guy Penne, este bastante próximo ao presidente francês François Mitterrand. Dias depois à conversa, Ouédraogo decidiu remover todos os membros mais radicais e ligado a Sankara de seu governo, além de dissolver a CSP e prender Sankara. Após essa atitude, ele argumentou que o país estava a caminho de um socialismo. E claro, o governo francês prometeu uma ajuda financeira ao país.

Um oficial, Blaise Compaoré, escapou da captura e escapou para a antiga guarnição de Sankara em Pô, onde começou a organizar a resistência. Nos dias seguintes, grandes manifestações ocorreram em Ouagadougou em apoio a Sankara. A posição política de Ouédraogo era fraca; seus oponentes de esquerda eram bem organizados, enquanto ele não tinha conexões confiáveis ​​com as facções conservadoras que supostamente representava e só podia contar com o apoio de um punhado de ex-colegas do seminário menor de Pabré. Percebendo que o uso da força era de pouco recurso, ele procurou resolver a situação apaziguando seus adversários.

O governo de Ouédraogo acabou sendo confuso, tentando ficar neutro, porém tendendo para os franceses. Libertou alguns presos políticos e também Sankara, mas retrocedeu e prendeu novamente Sankara. Então as tensões continuaram a aumentar até 4 de agosto, quando Compaoré lançou um golpe. Os pára-quedistas de Compaoré se infiltraram na capital e começaram a tomar locais estratégicos por toda parte. Ouédraogo renunciou e entregou a presidência a Thomas Sankara em agosto de 1983.

Thomas Sankara mudou o nome do país de Alto Volta para Burkina Faso, que significa “terra de pessoas honestas (ou íntegras)” em Mossi. Ele trabalhou por erradicar a corrupção, a luta contra a degradação ambiental, a valorização das mulheres, e aumentar o acesso à educação e cuidados de saúde, com o objetivo maior de eliminar resquícios da dominação colonial francesa. Em abril de 1984, o capitão determinou uma distribuição de terras para a construção de habitação popular. Sofreu uma tentativa de golpe no mês seguinte apoiada pelo imperialismo francês e americano. Realizou um grande programa de construção de casas e poços artesianos, além de permitir a gratuitidade dos primeiros 12 meses de aluguel.

Em 1985, diversos grandes sindicatos atacavam políticas socioeconômicas do Conselho Nacional da Revolução, que retaliou com a suspensão dos empregos de vários líderes sindicais. Além desses, outros dois setores demonstravam certa insatisfação com Sankara: as elites rurais, descontentes com a pretensão de Sankara de modernizar a arcaica estrutura agrícola do país controlada por segmentos praticamente feudais; e parcela significativa do funcionalismo público, tanto pelo combate do capitão à pesada burocracia estatal. Uma esquerda imperialista foi tomando conta do sindicalismo, que seguiu atacando Sankara. Até que em 1987, com o apoio dos governos marfinense, francês e líbio, uma conspiração liderada por Blaise Compaoré, o mesmo que lhe ajudou em 83, assassinou Sankara junto com doze oficiais em um golpe organizado. Compaoré tomou o poder e ficou como presidente até 2014, através de eleições. Seu regime foi marcado por um setor privado ampliado, aumento do investimento estrangeiro e uma maior estabilidade política. Ou seja, retornou a fazer a política colonial francesa sem grande resistência popular, tudo o que a França queria.

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