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EUA Aliado e Inimigo

02/08/1990: Invasão do Kuwait

Saddam Hussein tomou a fatídica decisão de invadir o país vizinho contando com a anuência dos EUA como recompensa do conflito contra o Irã, um erro pago pelos povos dos 2 países

Em dois de agosto de 1990, tropas iraquianas ocupavam o Kuwait, antigo protetorado britânico, causando uma surpresa internacional uma vez que o país invadido tinha sido um dos financiadores com outros países, dentre eles os Estados Unidos, do esforço militar iraquiano em sua tentativa de debilitar a revolução islâmica no Irã.

Saddam Hussein, presidente iraquiano, tomou essa decisão motivado principalmente pela dívida de aproximadamente US$ 40 bilhões de dólares depois de 8 anos de conflito contra o Irã revolucionário. Em 1990, mais de 50% das receitas geradas do seu petróleo era usada para o pagamento das dívidas e dos empréstimos recebidos nos anos anteriores.

Segundo o historiador Moniz Bandeira, no livro “A Formação do Império Americano”, Hussein decidiu atacar o Irã depois de uma reunião com agentes americanos na capital da Jordânia, Amã, e solicitar suporte econômico e militar dos EUA, uma vez que os líderes revolucionários iranianos eram aintiimperialistas.

Assim, em 22 de setembro de 1980, seis divisões iraquianas atacaram a república islâmica iraniana, iniciando um conflito que durou oito anos com mais de um milhão de mortos e o uso indiscriminado de armas químicas com material fornecido por empresas estadunidenses.

O apoio incluiu o fornecimento anual de arroz no valor de 200 a 500 milhões de dólares, de armamento e de munição no valor de 1,5 bilhões de dólares. Além disso, as monarquias do Golfo Pérsico realizaram enormes empréstimos para evitar que o exemplo revolucionário iraniano os ameaçassem existencialmente.

Contudo, com o término do conflito, estas monarquias, em especial a do Kuwait, começaram a cobrar o seu pagamento.

Saddam Hussein defendia que as dívidas fossem perdoadas em nome da solidariedade árabe frente à tradicional ameaça persa, acrescentando o histórico de conflitos entre o antigo império persa safávida e os árabes, e a necessidade da contenção do impulso revolucionário.

O Kuwait não só cobrava o pagamento da dívida como também não cumpria as cotas de exportação de petróleo determinadas pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo(OPEP) , forçando a baixa dos preços do barril para 14,00 dólares enquanto o Iraque precisava que eles se mantivessem em torno dos 25,00 dólares segundo comenta Eugene Rogan no livro “Os Árabes”, o que dificultava mais ainda a situação iraquiana.

Saddam Hussein queria não só o perdão das dívidas, como um empréstimo de 10 bilhões de dólares e a posse de duas ilhas estratégicas, Warba e Bubiyan, que teriam sido ocupadas pelo Kuwait durante a guerra Irã-Iraque de acordo com os iraquianos.

É preciso lembrar que a origem do Kuwait, uma palavra indiana que significa fortaleza, vem de uma cidade-porto, dominada pelo Império Otomano, que em 1756 reconheceu a autonomia da família Sabah e se tornou um protetorado britânico a partir de 1899. Em 1961, obteve sua independência dos britânicos.

A ideia que as pessoas formam da invasão no Kuwait, contudo, está influenciada pelo relato da imprensa imperialista, que trata Saddan Hussein como um ditador louco ao estilo de Hitler ou Stalin. Entretanto, é sabido que ele solicitou a presença da embaixadora estadunidense, April Catherine Glaspie, no dia 25 de julho, seis dias antes da invasão, onde apresentou a situação econômica do país, reclamou das vendas excessivas de petróleo de estados árabes como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e notadamente o Kuwait.

Segundo Moniz Bandeira, a embaixadora respondeu que os EUA não tinham opinião sobre os conflitos inter-árabes, o que foi compreendida como uma aprovação implícita ao uso da força e possibilitaria a ocupação total do Kuwait.

Independente disso, o imperialismo não podia permitir que o Iraque controlasse reservas de petróleo tão extensas, mesmo que este fosse o principal adversário da república islâmica iraniana.

Logo, o aliado preferencial se tornou um inimigo mortal do imperialismo e o povo iraquiano sofreu ataques aéreos indiscriminados, extensas sanções econômicas e, por fim, treze anos depois ocorreu a ocupação dos Estados Unidos.

Capturado na invasão de 2003, Saddam Hussein foi executado após a condenação farsesca em um tribunal controlado pelos Estados Unidos. Hussein foi condenado pelo uso de armas químicas com elementos fornecidos por empresas estadunidenses na cidade de Dujail em 1982.

O exemplo de Hussein, como um aliado do imperialismo que em determinado momento se torna o inimigo mortal, não é único. Pode-se citar o caso do Taliban, que foi fundamental na luta contra os russos no Afeganistão, e que depois foi combatido pelo imperialismo durante 20 anos.

Um dos fatos marcantes sobre esse conflito, além das mentiras habituais que o imperialismo usa para fazer seus ataques, foi o uso extensivo da grande imprensa na manipulação das informações e dos noticiários. O monopólio dos meios de comunicação foram uma arma importantíssima. A CNN, dentre outras, foi uma peça muito importante na máquina de guerra americana. É por esse motivo que tanto se combate a liberdade de expressão na internet, pois com ela se pode mostrar a verdade e desmascarar os crimes imperialistas, como fez Julian Assange.

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