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Dia de Hoje na História

02/06/1962: Chile e Itália se enfrentam na Batalha de Santiago

Imprensa imperialista, através de comentários bastante depreciativos ao Chile, ajudou a criar clima de guerra para o jogo. Partida é conhecida como uma das mais violentas das Copas

O dia de 2 de junho marca o aniversário de um dos jogos mais épicos de todas as Copas. Chile e Itália fizeram um jogo memorável para os fãs do futebol “bem pegadinho”. Entretanto, para grande parte do público, especialmente o europeu, o jogo foi retratado como um festival de selvageria.

Primeiramente, antes de falar do jogo, é preciso entender todo contexto político por trás dele e da Copa de 1962. Anteriormente, em 1956, o Chile ganhou o direito de sediar a Copa do Mundo de 1962. Todavia, a escolha do Chile foi bastante criticada pela imprensa imperialista, pois se tratava de um país de capitalismo atrasado, sem o poderio econômico das potências europeias. À época, o país era governado pelo militar Carlos Ibañez del Campo.

Ibañez era um ex-militar, que já havia governado o Chile entre 1927 e 1931. Mais de 20 anos depois, em 1952, Ibañez retornou à presidência da república através do apoio de Partido Agrario Laborista, Partido Socialista Popular e Partido Femenino de Chile. Assim como seu governo anterior, seu segundo governo teve características bastante nacionalistas e desenvolvimentistas. Manteve sua característica autoritária e anticomunista ao colocar o Partido Comunista de Chile na ilegalidade, impedindo, até mesmo, que seus militantes votassem. O fim do seu segundo governo se deu, mais uma vez, com baixa aprovação, principalmente pelo alto custo de vida no Chile. Para tentar impedir que o candidato direitista Jorge Alessandri ganhasse as eleições, revogou a lei que colocava o partido comunista na ilegalidade.

O governo Jorge Alessandri sofreu fortíssimo impacto do terremoto de Valdívia, em 1960, que é, até hoje, o mais forte terremoto registrado pela humanidade. Deste modo, a situação crítica do Chile em 61 fez com que o governo perdesse a muitas cadeiras no congresso, obrigando Alessandri a se aliar ao Partido Radical, um partido de “centroesquerda” que de radical tem nada.

Nesse contexto caótico, cheio de contradições, o Chile sediou a Copa. Poucos dias antes da Copa do Mundo, dois jornalistas italianos, Antonio Ghirelli e Corrado Pizzinelli escreveram uma série de críticas, bastante depreciativas, à cidade de Santiago. Em consequência a isto, a imprensa local reagiu de forma pouco amistosa e os capachos do imperialismo fugiram corridos do Chile.

Ainda há, nos dias de hoje, muitos Ghirellis e Pizzinellis em toda imprensa imperialista, que utilizam de todas as formas humilhar os países de capitalismo atrasado e fechar os olhos às contradições dos países imperialistas.

A situação política e econômica do Chile, somada às insinuações xenófobas dos italianos criou um clima especial para partida entre as seleções. Os italianos, querendo amenizar as relações, entraram em campo com cravos brancos e entregaram à torcida chilena que, prontamente, os arremessou contra os jogadores da Azzura. Deixamos a cargo do leitor imaginar o que os chilenos gritaram para que os italianos fizessem com os cravos.

O jogo teve clima quente. O árbitro, Ken Aston, passou muito trabalho. Como esperado, os jogadores italianos resolveram abrir a “caixa de ferramentas” e logo, aos 7 minutos do primeiro tempo, Giorgio Ferrini, que havia desferido um soco em Honorino Landa. Porém, o árbitro não conseguiu acompanhar a confusão que se formou, pois estava ocupado a expulsar fotógrafos que haviam invadido o campo. Mesmo assim, Aston expulsou Ferrini. Este, por sua vez, se recusou a sair de campo, tendo sido “convidado a se retirar” pelos Carabineros de Chile. Cabe lembrar que ainda não existiam os cartões amarelo e vermelho. Estes foram criados pelo próprio Ken Aston, de modo a impedir que situações como essa se repetissem.

O jogo continuou bastante divertido para os espectadores, com os jogadores constantemente brigando. Ken Aston parecia incapaz de lidar com a situação.

No fim do primeiro tempo, a “chinela cantou” mais uma vez. O italiano Mario David, golpeou repetidamente Leonel Sánchez no chão. Como resposta, Sánchez, que era filho de Juan Sánchez, campeão chileno de boxe, acertou David com um cruzado de esquerda. David, procurando vingança, deu uma voadora em Sánchez minutos depois e foi expulso.

No segundo tempo, o Chile, aproveitando-se do fato de ter dois jogadores a mais, voltou melhor. Ramírez marcou no rebote do goleiro, após um chuveirinho na área italiana, abrindo o placar para os donos da casa. Jorge Toro fechou o caixão italiano com um tiro de 30 metros no canto baixo. O árbitro terminou o jogo exatamente ao fim do tempo regulamentar, sem qualquer acréscimos, após mais uma falta violenta. Os chilenos, que eram a zebra do grupo, confirmaram sua classificação para a segunda fase em um jogo histórico.

Deste fato histórico, deve-se tirar os seguintes pontos: a imprensa imperialista sempre tentará sabotar toda e qualquer tentativa dos demais países em sediar eventos, esportivos ou não, se possível, recorrendo ao mais puro preconceito e xenofobia; frente a propaganda imperialista, deve-se sempre apoiar o país “agredido”; e futebol se ganha no campo e não no papel.

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