No dia 1 de setembro de 1969, aconteceu a revolução al-Fateh na Líbia que derrubou o rei Idris I, pôs um fim a monarquia, e colocou Muamar Kadafi no poder dando início ao regime nacionalista no país. O petróleo foi nacionalizado e o muitos investimentos foram realizados na infra estrutura, com destaque aos setores de saúde, educação, irrigação (importantíssima em uma país árido) e eletricidade fazendo-o alcançar o mair IDH do continente africano. Porém em 2012 o imperialismo destruiu completamente o país o bombardeando e financiando milícias que assassinaram o presidente Kadafi,
Algumas revoluções nacionalistas lideradas por militares pequeno burgueses aconteceram no Oriente Médio, principalmente após a segunda guerra mundial, que foi uma grande crise do imperialismo, a primeira e mais famosa de todas foi a de 1952 no Egito capitaneada por Gamal Nasser. Esta serviu de inspiração para as outras como a do Iraque em 1958 e a da Líbia em 1969, a liderança dos militares em tais revoluções é de fácil compreensão aos brasileiros pois remete ao tenentismo na década de 1920 que protagonizou a Revolução de 1930 ou até a derrubada da monarquia do Brasil em 1889 pelos militares.
Alguns setores dos militares nos países atrasados podem tomar posições nacionalistas e nas circunstancias de crise podem assumir a liderança política e tomar o poder, por isso as semelhanças do Brasil com o Oriente Médio. Contudo também há inúmeras diferenças, no caso da Líbia, por exemplo, o regime assumiu uma postura bem a esquerda, apesar de não ser um movimento socialista, grande parte da propriedade privada foi expropriada o que beneficiou muito a população, o próprio regime por um momento passou a se declarara socialista e fazer alianças com os países socialistas.
A figura de Kadafi foi demonizada recentemente na conjuntura do golpe de Estado de 2012, como é pratica comum do imperialismo, criando a imagem de um ditador sanguinário. Apesar de não ser uma figura ideal de revolucionário é importante contar um pouco de sua história para se contrapor a propaganda da burguesia. Ele nasceu em 1942 na Líbia sob domínio italiano, filho de beduínos pobres, se tornou nacionalista ainda na escola e ao cursar a Academia Real Militar foi se tornando o líder do Movimento dos Oficiais Livres.
Com apenas 27 anos ele liderou os militares na insurreição que derrubou a monarquia e tomou o poder, se alinhando rapidamente com o nacionalismo árabe dos outros países. Em 1973 ele se manteve no poder com a guinada a esquerda do regime, criou uma teoria de não alinhamento com os EUA e a URSS descrita em seu famoso livro verde. Posteriormente se aproximou da URSS devido aos ataques do imperialismo à Líbia e na década de 1990 se tornou um importante expoente do Pan Africanismo até a sua morte.
Kadafi se manteve no poder desde 1969 até 2012 e apesar das alterações aparentes em sua política o regime da Líbia sempre manteve sua trajetória nacionalista que desenvolveu o país garantindo as condições de vida básicas para população que tinha uma das mais baixas taxas de miséria do mundo. O imperialismo tentou derrubar o regime por 43 anos e finalmente conseguiu em 2011, assim a Líbia quase se desfez por completo numa constante guerra, o país se degradou a um nível que a venda de escravos voltou a acontecer em praça pública, nem existe de fato um governo líbio mas varias facções em guerra que disputam o controle.
A revolução de 1969 na Líbia é mais uma comprovação da teoria da revolução permanente de Trotski, é preciso que a classe operária assuma a liderança da revolução e tome o poder instaurando a ditadura do proletariado. Em Cuba a revolução que começou nacionalista se transformou em socialista e até hoje a pequena ilha resiste às investidas do imperialismo, na Líbia o processo não foi até o fim, assim, mesmo com sua enorme riqueza natural, não se conseguiu resistir ao imperialismo que, ao ser vitorioso, destruiu o país completamente.