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A crise se alastra pelo mundo

Economia capitalista terá sua maior queda já vista, admite FMI

A crise atual é maior e mais profunda que as anteriores.

Entre os cenários que o Banco Santander apresenta aos seus clientes, há a projeção de uma queda do PIB brasileiro de 6%, a hipótese mais pessimista, até 1,5%, na hipótese mais otimista. Com um possível início de recuperação no final de 2021.

Para a economista-chefe do Santander, isso significa um aumento 2,5 milhões no número de desempregados. “Vamos ter, na saída dessa crise, um nível mais alto de desemprego, um nível mais alto de risco, mais capacidade ociosa”, afirma a economista.

O quadro de recessão no sistema capitalista como um todo já é assumido por todos os analistas e economistas burgueses. Já não é mais coisa de comunista. As diferenças estão no que significa a crise, quais suas características e cenários futuros. Para a maioria dos analistas que trabalham para os capitalistas, a crise será neste ano e, talvez, em parte do seguinte, mesmo que existam alguns que estão antevendo que é uma crise que pode durar alguns anos.

Para o ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), o professor da Universidade de Harvard Keneth Rogoff, essa recessão será produto da crise do coronavírus. “Estamos vendo a economia global mergulhar tão rapidamente que os estatísticos não estão conseguindo medir, de forma precisa, os efeitos no PIB mundial. Minha suspeita é de que, no curto prazo, a queda da economia global será a maior já vista. Não estou falando da duração da recessão, mas da medida da queda. O que está acontecendo é algo impressionante”, comentou em entrevista publicada no jornal O Globo (6/4/2020). Para ele, esta será a pior recessão desde a década de 1930”.

Como na crise de 1929, ele percebe que esta será muito dura para os chamados países emergentes. Haverá significativo aumento nas dívidas, concentração de empresas e dificuldades diferenciadas para se recuperar, em função das características de cada economia. O endividamento será um resultado óbvio, mas ele crê ser necessário os governos investirem o que puderem em saúde e deixar para depois a questão do endividamento. Uma postura bem diferente do que tem sido a tradição do FMI e dos capitalistas em geral.

Capitalismo mais financeiro e oligopolista

A concentração do capital também é uma consequência prevista pelo responsável pela estratégia de investimento da AZ Quest, uma corretora que administra fortunas de terceiros. Ele “prevê um aumento de fusões e aquisições em diferentes setores como varejo, construção civil e bens de capital” (O Globo, 6/4/2020).

Como todos os demais, ele também não tem como afirmar nada sobre o futuro da economia. O tamanho da crise e sua velocidade têm deixado os analistas em pânico. Mas todos apostam em uma recuperação. Só não sabem como se dará e nem quando.

Mas o que fala o gestor de investimentos da AZ Quest é um pouco do que está presente nas análises de todos os economistas e analistas burgueses: a crise acelerará a concentração de capital, por meio da fusão de empresas, da quebra de muitas outras, de alterações nos mercados comerciais e fragilização de muitas economias nacionais.

Uma crise, que os analistas remetem à comparação com a crise de 1929 principalmente por sua dimensão e capacidade de desequilibrar o sistema como um todo. Uma crise que mostra a fragilidade do capitalismo em sua fase ultra financeira, com uma quantidade inimaginável de dinheiro circulando no mundo a velocidades quase instantâneas, desestabilizando economias e subordinando regiões inteiras do planeta a interesses de grupos capitalistas. As disputas entre empresas e conglomerados há muito substituiu as disputas nacionais, mas elas afetam cada vez mais um conjunto maior de países e empresas. Haja vista a recente disputa entre Rússia e Arábia Saudita pelo mercado de petróleo, que ainda está balançando boa parte do mundo e colocou em cheque a estratégia norte-americana de extração de petróleo de xisto.

Crise do capitalismo

Os analistas e governos de todos os matizes tratam da crise atual como sendo somente o produto da pandemia causada pelo novo coronavírus. Contudo, mesmo antes de qualquer menção ao aparecimento do vírus, nos últimos anos, vários analistas, inclusive de origem burguesa, já falavam em uma possível crise que se avizinhava e que seria superior à crise de 2008. As origens para essa crise que estava próxima eram muito diferentes, os economistas burgueses preferiam vê-la na incapacidade do capitalismo em atender as necessidades dos consumidores, como chegou a afirmar o economista-chefe do FMI Raghuram Rajan (BBC, 18/3/2019).

O que esses economistas não deixavam se observar é a crescente dificuldade do sistema em produzir o lucro que os capitalistas necessitam para reproduzir suas condições de reprodução. A necessidade de produção dada vez maior esbarra na capacidade de comercialização das mercadorias produzidas e na geração de recursos capazes de sustentar a monstruosa ciranda financeira global.

Nas crises cíclicas do capitalismo, o custo em vidas sempre é enorme, quer por causa das guerras que muitas vezes apareceram como consequência dessas mesmas crises (ou até como formas de superar as crises), quer pelos longos períodos de miséria e fome que afligem os mais vulneráveis na sociedade (a classe trabalhadora como um todo). Sempre nessas crises, a consequência é uma redução brutal nos salários e nas condições de vida dos trabalhadores, aumenta a concentração de capital (as empresas se fundem ou são compradas por outras), e aumenta o poder político dos capitalistas que sobraram.

Como hoje, nas crises, a guerra entra no cenário das análises econômicas, muitas vezes como uma forma de garantir um ambiente de sustentação do capitalismo (que passa a produzir mais para um comprador certo), e também como uma forma de controle social, para evitar o crescimento da insatisfação popular e das alternativas revolucionárias.

O capitalismo, em cada crise, cava o buraco em que vai ser enterrado. Mas ele não se enterrará sozinho. A economia não será coveira do capitalismo. Não há nada automático na história. Ele será superado pela ação dos trabalhadores. É a política que poderá dar conta da crise capitalista, por meio da ação revolucionária da classe operária, construindo, sobre os escombros do capitalismo, uma sociedade em exploradores e explorados, o socialismo.

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