Antes de pensarmos sobre o significado do Educação à distância (EaD) e suas consequências para as escolas públicas, é necessário entendermos que esse formato de ensino é uma escolha política do governo Ratinho, do Paraná. É uma decisão que utiliza a crise coronavírus para impor o programa reacionário de um governo bolsonarista.
Esse governo é extremamente neoliberal, por excelência, e não tem compromisso com os serviços públicos. Seus verdadeiros projetos políticos, devido a isso, não são os de preservação do setor público, mas de terceirizações e privatizações de todos os espaços desse setor que ele julgar possíveis.
Tudo o que o governo pensar em implantar, devido a essa característica neoliberal, tenderá a favorecer grupos econômicos muito poderosos. Sempre é bom recordar que, em 2019, houve isenção de impostos, dada por ele, a empresários e latifundiários, conforme denúncia feita na Assembleia Legislativa do Paraná. Os valores foram em torno de 11 a 12 bilhões que deixaram de entrar nos cofres públicos do Estado, comprometendo suas dívidas com o funcionalismo público, com a construção e melhoria de escolas, bem como com outras obras e investimentos públicos.
Em 2020, o governo está sendo oportunista e usando a pandemia do coronavírus para implantar um formato de educação que só teria condições políticas de ser imposto daqui a alguns anos e não já. Esse formato é o EaD, que já está sendo problemático nas escolas particulares, pois está pressionando pais, mães e responsáveis a criar hábitos de estudo que só tendem a ser mais efetivos com estudantes de idade mais avançada e níveis de ensino universitário. Antes disso, é algo muito precoce.
Nas escolas públicas, o EaD é ainda mais problemático, pois há uma diversidade social e com discrepâncias muito grandes entre os estudantes. Será um processo excludente de ensino-aprendizagem e irá gerar um apartheid educacional. Isso porque a pandemia está gerando um desemprego muito grande e muitas famílias não estão tendo e não terão condições de acompanhar seus filhos adequadamente, nessa modalidade de ensino.
Pensando nisso tudo, devemos nos lembrar de fatores que precisam ser analisados, tais como:
– Os gastos do governo com a implementação do EaD. Especialmente com emissoras de televisão e empresas de telefonia, sem licitação.
– Como lidar com os estudantes não atingidos por este ensino (42% das famílias não têm acesso à internet).
Um golpe para implementar a Reforma do Ensino Médio
– As questões empregatícias dos professores e como se desenvolverá o novo formato de jornada de trabalho. Especialmente porque a carga horária está centralizada na SEED (Secretaria de Educação) e não proporciona a autonomia de as escolas escolherem sua grade como era no ensino presencial.
As consequências para os estudantes, seus responsáveis e para os trabalhadores da educação, caso essa política do EaD seja implementada, serão salas ainda mais superlotadas, fechamento de turmas para abrir turmas EaD, segregação de estudantes e professores, desemprego em massa de professores, ou seja, a liquidação da Escola Pública no Paraná.