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Victor Assis

Editor e colunista do Diário Causa Operária. Membro da Direção Nacional do PCO. Integra o Coletivo de Negros João Cândido e a coordenação dos comitês de luta no estado de Pernambuco.

Um pretexto cretino

E se tiver sido a primeira vez que Neymar reagiu ao racismo?

Imprensa burguesa e esquerda pequeno-burguesa fabricaram uma desculpa para não defender o jogador

No último domingo (14), durante um jogo de futebol entre o Paris-Saint Germaint e o Olympique de Marseille, o zagueiro espanhol Álvaro González tentou intimidar o brasileiro Neymar, melhor jogador do mundo, com provocações racistas. Segundo relato do próprio Neymar, González teria chamado o jogador de “macaco filho da p…”. O brasileiro ficou indignado e deu um tapa na cabeça do zagueiro espanhol. Mais tarde, por meio das redes sociais, Neymar disse que se arrependeu apenas de não ter dado um soco em González.

A reação de Neymar não parou por aí. Ainda bastante revoltado com toda a situação, o brasileiro denunciou o VAR e toda a perseguição do imperialismo contra o seu futebol e chamou González por aquilo que de fato é: um racista:

Como fica bastante claro nas declarações, Neymar reagiu de maneira muito mais enérgica que a esquerda pequeno-burguesa e identitária tem reagido ao avanço da extrema-direita fascista e racista. Diferentemente de fazer discurso no parlamento ou de elogiar o TSE por destinar cotas eleitorais aos negros, Neymar enfrentou o racismo como deve ser enfrentado: denunciou a público, chamou-o pelo próprio nome e não deixou-se intimidar.

O que mais impressiona neste caso, contudo, é que a esquerda pequeno-burguesa não saiu em defesa de Neymar. Os mesmos setores que tanto fazem alarde sobre o problema do “lugar de fala”, que reivindicam para o negro uma espécie de autoridade moral para falar, agora se calam diante da tentativa de intimidar o melhor jogador do mundo. Os mesmos setores que colocam em segundo plano a luta de classes, que correm para prestar solidariedade a vigaristas como Kamala Harris e Fernando Holiday, resolveram ignorar o que aconteceu no gramado francês.

Seria porque, neste caso, não haveria racismo? Isto é, que Álvaro González apenas chamou Neymar de “macaco” porque estava irritado ou porque deixou-se levar pelas emoções durante uma partida de futebol? Não, e podemos comprovar isso facilmente: o mesmo jogador já foi flagrado insultando Messi por sua altura e é apoiador do partido fascista da Espanha, o Vox. Isto é, os xingamentos dirigidos a Neymar, muito mais do que xingamentos, são a expressão de um movimento real da extrema-direita que tem como objetivo massacrar os imigrantes, sobretudo aqueles oriundos de países atrasados.

Talvez por isso, não vi a esquerda pequeno-burguesa dizer que não houve racismo neste caso. No entanto, encontrou outro pretexto para não defender o jogador: o de que Neymar não reagiu ao racismo anteriormente e, portanto, não deveria ser defendido. Essa posição pode ser encontrada, por exemplo, em artigo de Kiko Nogueira, no Diário Centro do Mundo: “Neymar descobriu que é negro neste domingo, 13 de setembro”. Não por acaso, a mesmíssima posição é encontrada no jornal O Globo.

Não é meu objetivo investigar se é ou não a primeira vez que Neymar reagiu ao racismo. Até porque isso não tem importância alguma. A questão que fica, no entanto, é: por que há tanto interesse em desencavar esse suposto passado de Neymar? E a resposta é muito simples: para que a esquerda tenha uma justificativa para não fazer uma defesa clara de Neymar. E por que a esquerda pequeno-burguesa não quer defender Neymar?

Porque o imperialismo odeia Neymar e o futebol brasileiro. E isso tem tudo a ver com o racismo: o imperialismo quer acabar com o melhor futebol do mundo para que um povo sofrido e muito combativo não levante a cabeça e pegue em armas contra seus algozes. E como a esquerda pequeno-burguesa, pela sua própria composição pequeno-burguesa, sempre está a reboque do imperialismo, sua política sempre será uma política pró-imperialista.

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