A crise aguda do bolsonarismo e do conjunto do regime burguês-golpista tem dado lugar a toda uma movimentação por parte da extrema direita nacional, seja ela institucional (parlamentar, palaciana) ou popular, mais especificamente o núcleo apoiador mais fiel do presidente fraudulento, eleito sob a égide do golpe de Estado de 2016 e da grotesca e vil manipulação das eleições presidenciais de 2018.
Até o presente momento, Bolsonaro não vem sendo incomodado em sua política de terra arrasada contra o País e a população pobre e explorada. Os ataques da burguesia e dos golpistas contra as massas veem sendo respondidos de forma tímida e acanhada pelos partidos da esquerda institucional, parlamentar, que se limitam a discursos e pronunciamentos onde predomina a retórica esquerdista puramente formal, sem qualquer eficácia para enfrentar e derrotar a ofensiva da extrema direita reacionária.
Os discursos e o fraseado pretensamente radical lançados dos púlpitos e das tribunas parlamentares já se mostraram ineficazes como forma de ação e método de luta para deter os fascistas, o bolsonarismo e as hordas direitistas que veem ameaçando o País e a população com golpe e ditadura. A crise na qual o governo Bolsonaro está imerso é produto da suas próprias contradições, do seu programa neoliberal de privatizações e outras medidas que não foram capazes de alavancar a economia, conforme prometido pelos golpistas e não da ação raquítica e desidratada da “oposição” institucional, parlamentar, da esquerda nacional.
No terreno da ação direta, extra-parlamentar, a política que tem orientado a ação da esquerda também não tem sido a melhor para enfrentar o bolsonarismo, a burguesia e a direita nacional. As mobilizações ocorridas até agora têm ido segmentadas, realizadas em defesa de um determinado setor (educação, saúde, meio ambiente) e não colocam como perspectiva a derrota e o fim do governo golpista, explorador, neoliberal e reacionário. A ofensiva do governo serviçal do imperialismo e dos banqueiros, dos especuladores, não pode ser e não será derrotado com lutas parciais setorizadas, localizadas. Somente uma contra-ofensiva de conjunto das massas populares e dos mais diversos segmentos de trabalhadores, da cidade e do campo, é capaz de reverter a situação de paralisia e projetar a luta para um confronto direto contra o regime político, contra Bolsonaro, contra os generais golpistas, conspiradores.
Neste sentido, os trabalhadores e os explorados somente podem ser vitoriosas se a sua organização e sua luta se derem de forma independente, sem acordos ou vinculações com elementos direitistas, reformistas; sem os elementos que foram os responsáveis diretos pelo golpe contra o governo petista eleito em 2014 e que neste momento endossam os planos de Bolsonaro e Paulo Guedes contra as massas populares, via aprovação de pacotes e medidas no Congresso Nacional. Desta forma, a consigna a ser levantada nos atos contra Bolsonaro não pode ser a defesa abstrata das instituições (Parlamento, STF, etc), da “democracia”, do regime constitucional, republicano, como advogam diversos setores da própria esquerda brasileira. Esta não é uma bandeira que deva ser empunhada pelos trabalhadores.
Para ser consequente e abrir uma etapa de lutas vitoriosas das massas populares contra os fascistas, contra os golpistas, contra o regime político de opressão, violência e miséria, contra a maioria explorada da população, é necessário ir para as ruas com a palavra-de-ordem popular do “Fora Bolsonaro”; Fora todos os golpistas; exigir novas eleições presidenciais, com a garantia da participação do ex-presidente Lula como candidato, removidos e cancelados todos os processos contra a liderança petista.