A burguesia já percebeu o perigo representado pela mobilização dos trabalhadores contra o governo Jair Bolsonaro (ex-PSL, sem partido). Os atos do dia 29 de maio levaram centenas de milhares às ruas nas capitais, cidades médias e do interior e até mesmo no exterior. Cerca de 80 mil pessoas ocuparam a Avenida Paulista com as palavras de vacinação imediata para todos, auxílio emergencial, fim da Polícia Militar, Lula Presidente e, de forma unânime, Fora Bolsonaro genocida.
A presença das organizações operárias e populares e dos partidos de esquerda foi marcante. Entretanto, a imprensa capitalista já está tentando colocar em prática a operação para tentar sequestrar os atos, despolitizá-los e canalizá-los segundo seus interesses de classe.
A ideia é repetir a operação de Junho de 2013. Criar um ambiente contra os partidos de esquerda, forçá-los a abaixar as bandeiras e abdicar das reivindicações, retirar os militantes organizados, infiltrar elementos de extrema-direita e transformar os atos em “patrióticos”, “pela democracia” de cores verde e amarelo. Isto é, literalmente sequestrar o movimento e desfigurar seu conteúdo de classe a favor dos trabalhadores e suas reivindicações.
A burguesia não quer as organizações de massas e a esquerda na direção dos atos. Sua imprensa está fazendo todo o possível para retirar o Partido dos Trabalhadores (PT), não permitindo que este partido participe da organização das mobilizações. Por trás dos ataques ao PT, se esconde o ataque a toda a esquerda e aos movimentos populares e aos próprios atos em si. O mesmo vale para a campanha de afastamento da CUT, do MST, da CMP da direção dos atos.
A esquerda precisa estar atenta e armada contra isso. Não há outra forma de impedir a infiltração da extrema-direita e a manipulação da imprensa senão a mobilização total dos partidos de esquerda e das organizações operárias e populares. É preciso encher as ruas com trabalhadores, sindicalistas, estudantes, professores, jovens, mulheres, militantes de esquerda, sem terra e sem teto. É preciso organizar caravanas de todos os lugares do País, organizar o povo nos bairros, escolas, universidades, fábricas e locais de moradia.
Em hipótese alguma as organizações de esquerda e os sindicatos devem abaixar as bandeiras, mudar suas cores e abdicar de suas reivindicações de classe. Além disso, a formação de grupos de autodefesa é um passo importante para impedir a ação de provocadores e infiltrados.
Os atos do 29 de maio foram impressionantes pela combatividade e amplitude. A juventude compareceu em massa. É preciso avançar e pôr um milhão de pessoas nas ruas para o dia 19 de junho. Está no horizonte a derrubada do governo Jair Bolsonaro e, por consequência, dos golpistas que impuseram a fome, a peste e a desgraça para os trabalhadores do País.
As organizações que representam o povo devem estar atentas à advertência. Não abaixar as bandeiras e não permitir a infiltração da extrema-direita para desfigurar o movimento.