A esquerda burguesa e pequeno burguesa em todo o País, dá sinais claros de uma enorme dispersão e crise, em uma situação claramente marcada por uma gigantesca crise do governo ilegítimo de Jair Bolsonaro, em que se apresentam condições extremamente favoráveis para levar adiante uma luta política contra o governo, seus ataques e contra o conjunto do regime político.
É graças à essa crise situação de semi paralisia real da esquerda que, mesmo diante do agravamento da crise econômica e da impotência do governo para enfrentá-la, do vazamento das mensagens que desmascaram ainda mais o caráter criminoso e fraudulento da operação lava jato e da sequência de embates internos do governo, o congresso se prepara para – ao que tudo indica – aprovar, mesmo que em meio a muita crise, a “reforma” da Previdência, sem que tenha, inclusive, uma ampla oposição institucional à proposta, uma vez que setores da esquerda burguesa e pequeno burguesa debatem, há várias semanas, como apoiá-la, sob a liderança dos governadores do Nordeste.
A situação da esquerda não guarda a menor sintonia também com as tendências presentes entre os trabalhadores e a juventude que em cerca de dois meses realizaram as maiores mobilizações do últimos anos contra o regime golpista, o governo Bolsonaro e seus ataques, levando milhões de pessoas a participarem de centenas de atos públicos em todos os Estados do País, nos dias 15 e 30 de Maio e 14 de Junho, quando inclusive teria se realizado o maior dia de paralisação da história, segundo a CUT e outros setores.
Ela está relacionada diretamente à (des)orientação política dessa esquerda que, em sua maioria, não viu o golpe de Estado; em boa parte, sequer lutou contra ele; em grande medida, se iludiu e buscou semear a ilusão de que o golpe cederia, sem enfrentamento, para um acordo que levasse à novas eleições (Diretas); que, majoritariamente, confiava que Lula não seria preso e se opôs à resistir à sua prisão e que nunca quis lutar – de fato – pela sua liberdade, se limitando a fazer atos para tirar proveito eleitoral do prestígio popular de Lula, como verdadeiros abutres. Essa esquerda, depois de aceitar a substituição de Lula como candidato (o que já era desejado pelos defensores do “plano B”), por um candidato que nada tem a ver com a luta dos trabalhadores, tomou a iniciativa de desejar “sucesso” para o fascista Bolsonaro e, sob a influência dessa ala reacionária da esquerda, passou a buscar o caminho de acordo, por meio da chamada “frente ampla”, com setores abertamente golpistas até mesmo com o governo Bolsonaro.
Enquanto cresce a revolta popular contra o governo a ponto de nem mesmo as pesquisas conseguirem esconder e do presidente ser majoritariamente vaiado até mesmo em estádios lotados por gente da classe média que pode pagar ingresso a preços médios de R$ 300 e R$ 500, na semifinal e final da Copa América, essa esquerda caminha para ver os governadores eleitos com apoio de Lula e da esquerda “lutarem” junto com o deputado Rodrigo Maia (eleito com o apoio dessa esquerda para a presidência da Câmara) buscarem incluir os servidores estaduais e municipais entre os milhões de trabalhadores que serão expropriados por essa “reforma” que deve ser o maior roubo de todos os tempos da classe trabalhadora brasileira. No mesmo momento em que assistimos os defensores da “unidade” da esquerda no movimento sindical, como o deputado “Paulinho da Força” (da Força Sindical), dar o voto do seu partido (o Solidariedade) a favor da reforma de Bolsonaro e Paulo Guedes, da mesma forma que o partido a que pertence o presidente fura-greve do Sindicato dos Motoristas de São Paulo, deputado Valdevan Noventa, deputado pelo Sergipe (!!!!), pelo PSC.
Em suma, a esquerda está de costas voltadas para as tendências e as necessidade de luta da população que vê crescer o desemprego, a forme, a miséria etc. e se vê ameaçada de perder a aposentadoria, a escola pública, o bolsa-família etc. Ao contrário dessas preocupações “mundanas”, essa esquerda está jogada de corpo e alma na gigantesca preocupação de como ganhar as eleições de 2020, nem que para “derrotar os golpistas” de Bolsonaro e Cia. tenha que se juntar aos golpistas do PSDB, de FHC, Serra, Alckmin, ao DEM, de Maia etc.
Em todas essas etapas da luta contra o golpe, desde o mensalão aos dias atuais, essa esquerda procurou atacar o PCO e sua posição irreconciliável com a direita, com os golpistas. Criticaram o PCO pode defender José Dirceu (deixado como leproso por seu aliados); por defender o governo Dilma (em quem não votamos) contra os golpistas; por levantar a campanha contra a prisão de Lula (não havia riscos); por defender a candidatura de Lula até o final, com “É Lula ou nada!” e chamar a lutar contra a fraude (o PCO não enxergava as possibilidades eleitorais, diziam); por chamar a lutar pelo “fora Bolsonaro” (não teria o apoio popular) etc. etc.
Fica evidente que estamos diante de uma nova encruzilhada. Diante da confusão e paralisia da esquerda pequeno burguesa.
O ativismo classista do PCO, em primeiro lugar, dos Comitês de Luta Contra o Golpe e do conjunto da esquerda estão convocados pela situação a não se curvarem diante da pressão que vem da direita e domina boa parte da esquerda, para que não haja uma efetiva mobilização, para que não se unifique a esquerda e as organizações de luta dos explorados (mas apenas “esquerda” com os golpistas), para que não se sacuda o País, pela derrubada do governo, por meio do “fora Bolsonaro e todos os golpistas”; pela anulação de todos os processo da lava jato e pela imediata liberdade de Lula, que só podem ser conquistadas por meio da mobilização popular, nas ruas e não por ações e encenações no judiciário e parlamento golpistas.
Essa mobilização precisa ter como ponto de apoio fundamental a atividade permanente, nas ruas, nos mutirões e nas mais diversas atividades, que precisam ser organizadas pelos comitês de luta, por meio de uma intensa atividade de agitação e propaganda nos locais de trabalho, moradia e estudo.
A convocação do ato pela anulação das condenações da lava jato e pela liberdade de Lula, dia 16 de agosto, em Curitiba, oferecem um eixo que permite agrupar e mobilizar na etapa imediata, assim como a luta pela derrota da reforma da Previdência em sintonia com a luta pelo fora Bolsonaro e pela liberdade de Lula etc., junto com a denuncia da política capituladora e traidora daqueles que de dentro dos partidos da esquerda e dos sindicatos, apoiem essas política e esse regime de escravidão contra os trabalhadores.
Sem vacilação. Colocar mãos à obra!