Um dos setores mais ricos e poderosos do capitalismo mundial e do Brasil, o monopólio da indústria automobilística, as montadoras (e partir delas toda a cadeia de produção do setor) está adotando medidas para impor a volta ao trabalho de dezenas de milhares de operários em São Paulo e em todo o País, depois de terem suspendido a produção no final de março e abril, como resultado da pressão dos trabalhadores e de alguns dos seus sindicatos.
Os tubarões das montadoras querem colocar em risco a vida dos metalúrgicos e de suas famílias no momento em que a pandemia caminha para alcançar níveis estratosféricos e quando a burguesia e seus governos de direita, cinicamente, mantém a campanha do “fique em casa”, como faz diariamente o governador de SP, João Dória (PSDB), eleito com o apoio desses empresários. É claro que os patrões vão manter os executivos e pessoal “graduado”das empresas em quarentena, evidenciando que essa proposta é apenas para a burguesia e a pequena burguesia e não para a classe operária.
O próprio governo tucano acaba de prorrogar a quarentena até 31 de maio e os dados evidenciam que a situação está fora de controle, por falta de iniciativas reais desses governos e as previsões mais otimistas, apontam que São Paulo deverá ter mais de 10 mil mortos, oficialmente, até o final do mês (mesmo com as subnotificações).
Para os capitalistas e seus governos a única preocupação é com seus lucros. Querem voltara produzir para preparar a retomada das vendas e dos seus ganhos para o próximo período, a vida dos trabalhadores nada vale para eles. Uma situação que, deste ponto de vista, é pior do que na escravidão, quando os donos de escravo queriam preservar a vida dos trabalhadores negros que eram sua propriedade.
Como acontece com outros setores que continuam trabalhando ou estão retomando ao trabalho, ou em relação à população pobre em geral, não há nenhuma medidas efetiva de combate à pandemia. Não ha testes em massa, não há equipamentos como UTI’s, respiradores etc., não há leitos, não ha obras para melhorar a situação, não há distribuição de equipamentos. Eles apenas fazem discursos e se dividem entre os que defendem escancaradamente a volta ao trabalho e a morte de centenas de milhares de pessoas – como é o caso de Bolsonaro e da extrema direita – e aqueles que encenam que estão a favor do isolamento – como Dória e outros governadores – mas que não fazem nada de concreto para proteger a imensa maioria dos trabalhadores.
No ABC paulista, já estão retomando ao trabalho – que não é essencial, nesse momento – empresas como a Scania e, nos próximos dias, Volkswagen e Mercedes, o que vai criar uma pressão sobre vários setores do setor metalúrgico e de outros setores, como transportes, comércio etc.
Os patrões das montadoras querem que os metalúrgicos voltem imediatamente ao trabalho e morram pela contaminação pelo coronavírus, como acontece com os trabalhadores dos correios, dos transportes, da saúde etc. Querem tirar proveito da situação em que os trabalhadores estão pressionados pelo enorme crescimento do desemprego que já atinge milhões de brasileiros.
Um problema central em toda essa situação, na maioria das categorias, é que os sindicatos viraram as costas para os trabalhadores. Em muito casos, fecharam as portas dos sindicatos e decretaram o “salve-se quem puder”, quando mais do que nunca é necessária a unidade dos trabalhadores para enfrentar a crise e deter o genocídio que os tubarões capitalistas e seus governos reacionários querem impor. Uma situação que precisa ser imediatamente superada.
A categoria dos metalúrgicos e alguns dos seus sindicatos, como o dos Metalúrgicos do ABC, foram em momentos decisivos da luta da classe operária no País, uma importante vanguarda da luta do conjunto dos trabalhadores. Está mais do que na hora de tomar a dianteira do necessário enfrentamento com os patrões diante da crise atual, porque sem luta eles vão conduzir – como já estão fazendo – os metalúrgicos e toda a classe operária para um massacre.
Várias manifestações e protestos de trabalhadores, no Brasil e no mundo – inclusive no 1º de Maio, Dia Internacional de Luta da Classe Trabalhadora – mostraram que é perfeitamente possível realizar atos, assembléias etc., ou seja, mobilizar os trabalhadores por suas reivindicações, com as devidas medidas de segurança e proteção dos participantes, como distanciamento social, uso de máscaras etc.
É preciso convocar os metalúrgicos para a luta, organizar a mobilização, realizar assembleias, denunciar os planos dos patrões e dos governos inimigos do povo.
É preciso exigir o pagamento integral dos salários, a estabilidade no emprego, enquanto durar a pandemia, dentre outras medidas para atender à população pobre e trabalhadora atingida pela crise.
Se preciso, paralisar as fábricas e sair às ruas, organizadamente, convocando os trabalhadores de outras categorias, contra a política genocida das montadoras.