Como que para comprovar a disposição da população brasileira em ir às ruas para enfrentar o golpe, a teimosia das massas em lutar venceu o conservadorismo da esquerda “bem pensante”, colocando a tarefa de convocar uma nova manifestação na ordem do dia.
Maiores em participação e abrangência, os atos de 19 de junho levaram mais manifestantes às ruas de um número maior cidades, de Norte a Sul do País e também do exterior, representando um novo capítulo na naquele que promete ser um levante popular de grande envergadura. As estimativas sobre o tamanho dos protestos chegam a calcular mais de 700 mil nas ruas. Ficou claro que foram expressivamente maiores do que os atos de 29 de maio, no geral.
A própria imprensa burguesa acusou o golpe e destacou o fato de que as manifestações deste sábado tiveram um crescimento perceptível em relação ao 29 de maio. Matéria do Estadão fala em mais de 500 cidades, entre brasileiras e estrangeiras. O que coloca novas tarefas à esquerda.
A primeira é superar a vacilação. Molecagens como desmarcar o ato em cima da hora ou não convocá-lo por considerações de “narrativa” confirmam que parte dos dirigente da esquerda continuam mais preocupados com votos do que com o combate ao bolsonarismo. Com o País superando a marca sinistra de meio milhão de mortos por uma pandemia cuja vacina já existe, esses setores vacilantes estão perto de tornarem-se cúmplices do genocídio.
O segundo, possivelmente um reflexo do primeiro, é que o trabalho de convocação precisa ser ampliado. Em muitos lugares, falta um trabalho disciplinado de convocação, de ir aos pontos de aglomeração de trabalhadores, entregar panfletos nos locais de trabalho e moradia da população pobre e explorada. Isso reduz o potencial das manifestações, que como visto, podem ser ainda maiores.
Um novo chamado à mobilização popular deve ser feito o mais rapidamente possível, assim como um plano de ação para chamar a população pobre e esmagada pela crise para a luta, em manifestações maiores e mais radicalizadas. Está mais do que claro a qualquer observador a disposição de luta do povo brasileiro. Ela foi vista no 29 de maio e comprovada de maneira definitiva no 19 de junho. Às direções da esquerda, cumpre o trabalho de chamar a população e mobilizar sua militância para isso.
É preciso imediatamente realizar assembleias, plenárias, reuniões públicas a partir das bases populares, criando organismos como os comitês de luta em todos os bairros e municípios do País. É preciso impulsionar e organizar esse movimento que não tem outra tendência exceto crescer, como resposta da classe trabalhadora à brutalidade com que vem sendo tratada desde o golpe, submetida à carestia, à fome, ao desemprego e à morte.
Essa população levantou sua indignação contra toda a selvageria da política golpista empreendida por Bolsonaro e demais criminosos. Urge à esquerda a tarefa de agir de acordo com quem quer o fim do genocídio.