A epidemia de coronavírus já é uma realidade nacional. Todos os estados do País e o Distrito Federal apontam para uma rápida expansão do vírus. É evidente que os poderes públicos não se prepararam para combater a epidemia, já anunciada pelo menos desde janeiro, e as medidas adotadas até o momento são insignificantes ou mesmo inócuas, o que significa que a esmagadora maioria dos 200 milhões de brasileiros estão à mercê da própria sorte.
Segundo informações oficiais, a epidemia só terá uma queda brusca no País a partir de setembro. A dar crédito a essa informação isso significa que, pelo menos, os próximos 6 meses serão de caos no País.
Nesse momento, o País já praticamente não tem leitos para tratar os doentes. Levando-se em conta que até 70% da população brasileira pode ser contaminada, isso implica em algo em torno a 140 milhões de pessoas, com uma possibilidade de 2 milhões de óbitos e ainda um número inimaginável de doentes com necessidade de internação. Para se ter uma ideia da gravidade da situação, a Itália que é um país muito mais rico que o Brasil, muitos populares estão morrendo em suas casas e o governo está com dificuldade de recolher os corpos. Ontem, a imprensa internacional divulgou um número de 600 óbitos em apenas um dia, quem dirá o que acontecerá no Brasil?
É justamente em meio a esse caos da epidemia que aparece o caos do desemprego. Apenas até o mês de abril, o setor do comércio prevê a demissão de 5 milhões de trabalhadores. Quando se considera que o País já conta com 12 milhões de desempregados e outros quase 40 milhões de trabalhadores vivendo da economia informal, a conclusão fundamental a ser tirada é a de que os trabalhadores estão diante de um duplo flagelo. Primeiro, a ameaça real de contrair o vírus. Segundo, o desemprego. Como enfrentar a epidemia sem dinheiro? O que fazer para conseguir alimentos para sustentar a família, pagar o aluguel, medicamentos, materiais de higiene? Garantir assistência hospitalar?
Diante desse quadro aterrador, os trabalhadores e os explorados do País não podem ficar esperando que o governo Bolsonaro e todo regime político golpista que o levou a presidência, com o objetivo de saquear o País e entregar todos nossas riquezas aos países imperialistas e aos grandes grupos capitalistas nacional e internacional, como se vê inclusive diante dessa crise, com a destinação de trilhões para os capitalistas e migalhas insignificantes para a população.
A única saída progressista está na organização e mobilização independente dos explorados. Um problema fundamental que está colocado na ordem do dia – isso significa que o quanto antes for impulsionado, mais rápido serão os resultados – é a constituição de conselhos populares que podem ser por bairros, por região, por cidade (dependendo do seu tamanho).
O objetivo dos conselhos é justamente dar uma unidade aos explorados. O trabalhador isolado não tem força. Está sujeito às imposições do governo e na condição de grave crise social como ocorre no momento, uma potencial vítima da barbárie capitalista.
Por outro lado, a sua organização em um movimento de luta e mobilização é real. O coletivo não é a soma individual das pessoas. 100 pessoas organizadas valem por mil, 2 mil dispersas.
Diante da escassez de alimentos ou da necessidade de um plano de saúde para atender uma determinada região com vários casos de contaminação pelo coronavírus, um movimento de luta é capaz de impor a sua reivindicação. Se ao invés de um, o conjunto dos explorados consigam produzir milhares pelo País, o poder para estabelecer uma outra política que de fato atenda as necessidades dos explorados e não os banqueiros e todo tipo de parasita que vive do trabalho alheio.
Os conselhos podem e devem contar com a participação de toda a comunidade. Velhos, jovens, mulheres, empregados, desempregados, o pequeno comerciante, o verdureiro, enfim, a mais ampla participação de uma determinada comunidade.
Uma questão que deve estar presente nesse atual etapa de expansão do coronavírus é de que seja cada vez maior o agravamento no já péssimo atendimento das demandas populares. É por isso que essa tarefa deve contar com a participação ativa dos partidos de esquerda, dos sindicatos, das organizações populares. A hora não é de esperar a ação governamental. Nenhuma ilusão no governo. Acreditar na mobilização independente dos explorados como o único caminho para garantir as suas reivindicações.