Há pouco mais que um mês, o Partido da Causa Operária (PCO) iniciou a campanha de denúncia do ataque sofrido pelo seu jornal diário na internet, o Diário Causa Operária (DCO). O DCO, jornal marcado pela sua postura firme e combativa, denunciando os golpistas e polemizando com a esquerda pequeno-burguesa, foi alvo de um ataque no dia 18 de julho, que levou à destruição de 4 mil artigos. No dia 24 de agosto, o jornal sofreu um novo ataque, de outro tipo, que não apagou artigo algum, mas que tirou seu sítio do ar.
Entre esse período, de um ataque a outro, a campanha pública feita pelo PCO fez com que uma série de outros ataques viesse à tona. É o caso, por exemplo, da Ponte Jornalismo, jornal destacado por denunciar a ação policial em, sobretudo em São Paulo. É o caso também de sítios ligados a sindicatos de trabalhadores dos Correios. Alguns pré-candidatos dos Partidos dos Trabalhadores também foram alvo de ataques, embora de outra natureza, ocorridos durante transmissões ao vivo. Por fim, merece destaque também que o jornal A Nova Democracia não só teve o seu jornal sabotado, como a sua sede invadida e a sua infraestrutura, parcialmente destruída.
Os ataques hacker e as sabotagens na internet não são uma novidade, mas sim uma prática constante em uma série de organizações. O que chama a atenção, no entanto, é o fato de que os jornais de esquerda foram atacados em um momento em que a esquerda de conjunto está sendo atacada. O Ponte Jornalismo, por exemplo, é alvo de vários processos da Polícia Militar. Isto é, do aparato fascista de repressão do Estado. O jornal GGN, que é um jornal de denúncias, acabou de perder um processo simplesmente por ter denunciado as falcatruas do banco BTG Pactual. Os trabalhadores dos Correios, por outro lado, são atacados duramente pelos golpistas, que colocaram um general para controlar a empresa. Por mais que os sindicatos dos trabalhadores dos Correios estejam, em geral, vinculados a burocracias sindicais bastante pelegas, o potencial explosivo da mobilização desses trabalhadores faz com que sejam, constantemente, atacados pela imprensa burguesa e pelo Judiciário.
Todos esses ataques do Estado burguês demonstram uma ofensiva do próprio regime político contra a esquerda e contra a sua imprensa. E isso não é por acaso: com o aumento da crise econômica, o cerco do imperialismo à esquerda irá se fechar cada vez mais. A situação não está se encaminhando para uma conciliação entre o regime político, controlado pela burguesia, e os trabalhadores, mas sim para uma guerra entre os capitalistas e os povos. Neste sentido, é preciso colocar os ataques hacker em um plano mais geral da luta política. Não são a manifestação de uma intriga menor de adversários locais ou mera sabotagem motivada por assuntos pessoais: são uma das expressões da ofensiva fascista contra a esquerda em todo o mundo.
Por isso, é preciso intensificar a denúncia contra os ataques hacker e, ao mesmo tempo, intensificar a mobilização contra a extrema-direita. Em tempos em que a esquerda pequeno-burguesa tanto prega a “unidade” para justificar sua política oportunista, é preciso estabelecer uma unidade real, concreta, de todos os trabalhadores e explorados contra o fascismo.