A crise na qual esta imerso o regime burguês-golpista, apoiado pelos grandes capitalistas, a extrema direita, os militares e o imperialismo se aproxima muito rapidamente de um colapso total. O golpe engendrado pelo conservadorismo burguês-reacionário de 2016, longe de apresentar uma alternativa duradoura para a recomposição da burguesia e do grande capital à frente do Estado, antes fez exacerbar todas as maiores e irreconciliáveis contradições que há décadas marcam o controle e a dominação dos grandes monopólios e do imperialismo sobre a nação dependente, atrasada e oprimida.
No entanto, ainda que venha demonstrando, ao longo de todo o último período, desde o golpe, a sua mais completa e absoluta incapacidade em oferecer uma saída para os problemas mais elementares que afligem a nação, a burguesia e as forças sociais direitistas que lhe dão sustentação não encontram um obstáculo real, verdadeiro, que lhes faça oposição, que enfrente o governo Bolsonaro e sua política de terra arrasada, de destruição do País. Os golpistas conspiram diuturnamente contra o País e a maioria da nação sem que haja qualquer reação da chamada “oposição”, por mínima que seja, para a defesa dos interesses nacionais e em primeiro lugar, em defesa das massas populares e do povo trabalhador pobre, atacado cotidianamente em seus direitos mais elementares.
Neste momento, onde todos os elementos de crise se exacerbaram enormemente, com o País infectado de ponta a ponta pela epidemia do coronavírus, a esquerda aparece não como uma força política para centralizar e impulsionar a luta social de massas contra o governo direitista, mas vem intervindo na situação de crise como força política auxiliar da direita, caudatária dos golpistas e até mesmo da extrema-direita, como foi o caso dos apelos para que o ministro da Saúde, o privatista Mandetta, permanecesse à frente da pasta, ante as ameaças de Bolsonaro em exonerá-lo. Tal façanha foi realizada pelo deputado federal Marcelo Freixo (Psol-RJ).
No que diz respeito à principal força política organizada de esquerda do País, o Partido dos Trabalhadores, este continua imerso na mais completa confusão e paralisia e quando age, quando entra em ação, atua prestando um enorme desserviço à nação e aos trabalhadores, na medida em que sequer consegue se colocar como oposição formal ao governo golpista. Na reunião do diretório nacional ocorrida na semana passada, novamente o PT se posicionou contra a abraçar a luta pelo “Fora Bolsonaro”, mesmo diante de todos os maiores apelos populares, diante do clamor social que vem crescendo em todo o País por colocar para fora o governo que vem se colocando como agente da morte, da disseminação da epidemia, do governo que vem destinando trilhões aos capitalistas, enquanto entrega uma esmola de R$ 600,00 para a população pobre e explorada, que vem morrendo infectada sem qualquer assistência do sistema de saúde nacional, sucateado pelos neoliberais golpistas.
Esta política de colaboração com a direita é não só inócua, como se constitui, particularmente neste momento, numa verdadeira traição à maioria da nação, aos trabalhadores e às massas populares. É necessário um balanço acerca da política da esquerda em todo o último período, que se mostrou totalmente fracassada,. incapaz de oferecer uma resposta aos graves problemas nacionais. A partir desta constatação, faz-se necessário e urgente a superação do estado de confusão e inércia, inaugurando uma nova etapa, que não pode ser outra senão a ruptura com a política de conciliação com os golpistas, com a direita parlamentar (centrão), com os governadores criminosos, demagogos, que não são e nunca foram “heróis do povo”, mas homens de confiança do bolsonarismo (Dória, Ibaneis, Witzel, Caiado), que aplicam nos estados a mesma política genocida do executivo federal, contrário aos interesses da maioria da nação.