No último domingo, 13, caiu o status última cidade brasileira livre do COVID-19, Cedro do Abaeté (Minas Gerais). Na pequenina cidade, dois casos foram registrados, mostrando que não há lugar no Brasil onde se esteja totalmente seguro da doença.
O avanço da pandemia para todas as cidades do país é uma grande “vitória” da direita genocida, que, quando não nega a existência da doença, faz todo tipo de peripécia demagógica para não dar real combate à doença. Cada lado tentando agradar seu “público”.
É preciso enfatizar que negacionistas, como Jair Bolsonaro e “científicos”, como os governadores e prefeitos, nunca estiveram em lados opostos. Pelo contrário, sempre estiveram do lado da burguesia, porém, cada qual com sua estratégia.
Jair Bolsonaro e a extrema-direita raivosa apostaram todas as suas fichas em resistir a qualquer tipo de combate ao Coronavírus. Durante estes meses todos, o circo macabro capitaneado pelo presidente ilegítimo promoveu: (1) o envio de recursos preferencialmente para os bancos, ao invés da população; (2) o descontrole do abastecimento de alimentos e matérias-primas, que levou a uma pressão inflacionária sem crescimento econômico; e (3) o aprofundamento da precarização do Sistema Único de Saúde (SUS) e de outros serviços públicos. Tudo isto sob um festival de alegações que beiravam o escatológico, mas que serviam apenas para agradar a base social do presidente fascista.
Os governadores e prefeitos, saudados pela pequena-burguesia como “civilizados” e “científicos”, optaram por outro caminho. Ao invés de se oporem de maneira real ao governo genocida de Bolsonaro, o fizeram de maneira aparente. Como é sabido, a doença chegou ao Brasil pelas classes mais altas. Portanto, os “científicos” utilizaram de toda demagogia possível para controlar a doença na classe média, ao mesmo passo que impunham uma verdadeira repressão à classe trabalhadora.
Tanto Bolsonaro quantos os “civilizados” pouco fizeram para testar a população. Pelo contrário, trabalharam, ao máximo, para não testar a população, especialmente a classe trabalhadora. Assim, procuraram maquiar os números para legitimar o farsesco lockdown. Governadores ditos de esquerda, como Flávio Dino (PCdoB-MA), mantiveram as indústrias funcionando na mesma proporção que culpavam a população pelas infecções.
Na Bahia, o governador frenteamplista Rui Costa (PT), submeteu-se ao prefeito de salvador, o bolsonarista ACM Neto (DEM). Enquanto a população de Salvador sofria com redução de 70% da frota dos ônibus, tendo de ir trabalhar em verdadeiras latas de sardinha, o prefeito e o governador iam às televisões, juntos, colocar a culpa no povo, dizendo que as infecções se davam pela existência de “paredões”, festas de rua bastante comuns no estado.
O que, na verdade, governadores e prefeitos queriam era atrasar a doença para justificar uma reabertura, sob justificativa de um dito controle da pandemia. Na realidade, sabiam que, dada a debilidade da economia nacional, o fechamento apenas aceleraria o desemprego e a miséria, fazendo com que após qualquer reabertura, as chances de um novo fechamento seriam mínimas.
E foi isso que aconteceu na realidade. O estado de São Paulo é um exemplo. Recentemente, o governador bolsonarista João Dória (PSDB) declarou isolamento no estado inteiro, mas cinicamente, definiu que todo comércio é essencial. Em outras palavras, não há, mais uma vez, isolamento algum.
A esquerda pequeno-burguesa apoiou a direita, legitimando suas ações, sob justificativa da ciência. O que se esconde aí é que esta esquerda, por um lado, viu que era bastante cômodo ficar em casa fazendo lives e twitaços, enquanto a classe trabalhadora se expunha a doença, e, por outro, entendeu que o mínimo controle da doença e a reabertura permitiriam que participassem das eleições. E foi isso que ocorreu. Afinal, os mesmos que suportaram a campanha do #fiqueemcasa, são os mesmos que saíram às ruas para vender ilusões ao povo.
Enquanto Bolsonaro e os prefeitos e governadores faziam demagogia para suas bases eleitorais, a pandemia avançou no país. Tanto que agora se defendem com argumento sobre uma segunda onda ou culpam o povo pela disseminação da doença. Pois, no Brasil, não há “ondas”, há um verdadeiro tsunami, já que a doença nunca esteve, aqui, minimamente controlada. Além disto, é jocoso como, durante as eleições, governadores e prefeitos evitaram, ao máximo, utilizar a sua tática de culpar o povo. Pelo contrário, chegaram a fechar os também farsescos hospitais de campanha, dando a entender que tudo estava bem.
O Partido da Causa Operária (PCO) já vinha denunciando, desde o início da pandemia, que a política da direita levaria a um genocídio. Era óbvio que a política da burguesia, especialmente dos bancos, era suportar um período curto de “isolamento social”. Para “sobreviver” a este período, contaram com o aporte de mais de R$1 trilhão do governo federal. Entretanto, já estava planejado o retorno às atividades “normais”, mesmo com a pandemia. E para isso, o papel de governadores e prefeitos “científicos” foi soberbo (para a burguesia), pois garantiram um cenário que permitia a reabertura quase irrestrita das atividades comerciais.
Caiu a última cidade livre do COVID. Culpa da direita.