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E o golpe? Flávio Dino já se lançou candidato para 2022

“Estou mesmo me preparando para 2022. Vocês nem notaram, já estou até com cinco quilos a menos. Vamos enfrentar o laranjal e a turma do mal. […] Eu adoro uma eleição, estou doido para disputar mais uma, essa especial. A gente tem que plantar a coisa certa, para colher a coisa certa.” Flávio Dino (PCdoB, governador do Maranhão.)

O ano é 2022, segundo o calendário eleitoral regular, seria a hora de escolher nas urnas um novo presidente da República. Mas estamos vivendo um um período normal em nossa política e em nossas instituições? Evidentemente não: uma crise global do Capitalismo levou o Imperialismo a avançar ferozmente sobre os países da América Latina, fraudando eleições e organizando golpes de Estado.

Infelizmente, tal processo já se encontra em adiantado estágio de aprofundamento. A esquerda está sendo perseguida desde 2012, com a prisão sem provas de José Dirceu e de outros dirigentes do Partido dos Trabalhadores. A presidente eleita Dilma Rousseff foi deposta ilegalmente em 2016, as eleições municipais, estaduais e federais de 2016 e 2018 foram amplamente fraudadas, com inexplicáveis arrancadas finais dos candidatos de extrema direita. Os direitos da população estão sendo extintos, o Estado brasileiro está sendo desmontado, o nosso patrimônio está sendo entregue ao imperialismo quase que de graça. Tal situação se agravou sensivelmente com a eleição do fascista Jair Bolsonaro à presidência da República, elevando a um nível institucional a perseguição política às organizações e lideranças populares.

Diante de tal cenário, era dever de todo partido que se diga de esquerda alinhar-se resolutamente numa campanha de mobilização popular destinada a retirar os golpistas do poder antes do processo eleitoral. Foi o que buscaram fazer os setores mais evoluídos do setor progressista nacional. Os setores mais coesos da esquerda lançaram a palavra de ordem “É Lula ou nada” e “Eleição sem Lula é fraude”, com a compreensão de que, com a prisão de Luiz Inácio Lula da Silva em abril de 2019, a mobilização em torno a sua libertação e seu direito a ser candidato a presidente.

Na via inversa, os setores mais ligados à institucionalidade golpista lançaram-se sofregamente à disputa eleitoral, legitimando não apenas a prisão de Lula como também o pleito como um todo. Foi o caso de Manuela D’Ávila (PCdoB), Guilherme Boulos (Psol) e Ciro Gomes (PDT) – eram os chamados candidatos abutres, que visavam a fragmentar os votos da esquerda, enfraquecendo a importância do PT no processo. Embora o PT tenha inscrito Lula como candidato em agosto, três semanas depois o Tribunal Superior Eleitoral (TRE) a impugnaria. Em lugar de manter a candidatura do ex-presidente, pugnando por sua liberdade e denunciando a farsa eleitoral, a ala direita do PT acabou forçando a adoção do chamado “Plano B”, com a chapa de Fernando Haddad (PT) e Manuela D’Ávila. Foi a senha para uma das maiores derrotas sofridas pela esquerda desde o início do golpe, com a vitória do fascista Bolsonaro.

Ao longo desse processo, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) sempre agiu como articulador e promotor da “superação do golpe”. Foi Dino quem procurou desvincular o PCdoB no PT por meio da candidatura avulsa de Manuela D’Ávila, a qual ficaria livre para uma aliança com Ciro Gomes. Malogrado seu empreendimento, apressa-se agora não apenas em legitimar as eleições de 2018, mas também em normalizar as relações institucionais com o governo golpista, no que vem sendo seguido também não apenas pelos governadores de direita, mas também pelos demais governadores do próprio PT.

Por que não lançar uma pré-candidatura precoce de modo a construir essa credibilidade nos processos políticos de nossas instituições? Foi exatamente o que Flávio Dino fez em evento público na última sexta (22), durante uma convenção extraordinária do PCdoB. Se Boulos, Manu, Ciro e Haddad receberam a alcunha de abutres por terem desempenhado tal papel capitulacionista, o agravamento e a antecipação dessa política por Flávio Dino representam um enorme apoio para os golpistas e um significativo fator de desmobilização para a classe trabalhadora que quer lutar contra o golpe, plantando a ilusão eleitoral entre aqueles que poderiam estar se organizando e se mobilizando contra os ataques fascistas do regime de governo que se torna cada vez mais ditatorial e mais militarizado.

A ala direitista do PCdoB – aqueles ligados a cargos na burocracia sindical e nas instituições públicas – tem surfado na onda bolsonarista de modo vergonhoso: forçaram o plano B da candidatura de Haddad no PT, apoiam desde o início o mandato do golpista direitista Rodrigo Maia (DEM-RJ) na Presidência da Câmara dos Deputados, buscam apoiar por fora a candidatura de Haddad à presidência do PT – consolidando uma política de capitulação dentro da esquerda – e agora lançam de antemão a maior candidatura abutre de todas, visando a reforçar a polarização do PT dentro do processo eleitoral interno do Partido, ao cobrar de Haddad um posicionamento cada vez mais à direita como se viu em sua recente entrevista no portal Brasil 247.

Em sua imprensa, o PCdoB gosta de antepor o prefixo “comunista” a seus militantes. Só se vêm parentescos com o “comunismo” aí se enquadramos a cúpula do Partido na tradição stalinista. Flávio Dino segue o fiel exemplo do “grande organizador de derrotas” que transformou a Revolução Russa numa burocracia pequeno-burguesa. Decerto, foram tais erros e capitulações que auxiliaram a ascensão do nazi-fascismo mesmo nas décadas de 20 e 30 na Europa – quando Stálin, por exemplo, orientou ao Partido Comunista Alemão a união com os nazistas contra a social-democracia. Evidentemente, tal capitulação ao regime bolsonarista deve ser denunciada e combatida dentro da esquerda: não há superação do golpe pela via eleitoral. O golpe só será derrotado com a classe trabalhadora organizada e mobilizada nas ruas.

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