Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua na Itália, está sendo mantido preso em um presídio de segurança máxima na ilha da Sardenha, mas prepara-se para ser transferido para a prisão da Calábria na Itália, que é considerada pior do que a de Sardenha onde se encontra.
Cesare foi condenado pela justiça Italiana pela acusação de ter participado de três assassinatos, todos de elementos pertencentes a grupos fascistas, na década de 1970. Os assassinatos atribuídos a ele, foram supostamente promovidos por uma organização a qual Battisti pertencia, porém nunca foi provada sua participação individual nos acontecimentos.
Seu processo foi uma fraude, e desconsiderou todas as garantias democráticas que o auxiliariam de alguma forma. Mesmo esse princípio fundamental do chamado Estado Democrático de Direito sucumbiu totalmente à ânsia da extrema-direita e da direita de condenar alguém que lutou contra os fascistas, o que, a extrema direita no poder hoje na Itália, fascista como é, faz questão de retaliar, tendo em vista ter sido o grupo de Battisti um grupo que combateu o fascismo.
Certamente, seria preciso fazer dele um exemplo do que ganha um revolucionário: a agonia das grades e a tortura de um sistema desumano. A extrema-direita utiliza este caso como uma bandeira importante contra a esquerda, estigmatizando o trabalho revolucionário, ao qual atribui um julgamento moral condenável por suscitar um levante armado, ou coisa que o valha, como algo desumano e sanguinário.
O processo farsa, embora tenha esse norte, nunca provou a culpa de Battisti, e a prova que tem é uma invenção que tentam fazer, aproveitando que, na época, a máfia aterrorizava a população com uma série de explosões para obrigar a população a reclamar um governo fascista, e as explosões acabaram sendo creditadas na conta dos que faziam luta aberta contra o movimento fascista que crescia nos anos 60/70. E, é claro, a sua confissão da participação nos assassinatos arrancada dele com tortura, tendo, inclusive, forçado a publicar uma carta condenando a luta armada no enfrentamento contra a extrema-direita fascista.
Carlos A. Lungarzo, Professor da Universidade Estadual de Campinas, SP, Brasil, explica bem esse problema no seu site – https://sites.google.com/site/lungarbattisti/ – demonstrando toda a fraude perpetrada pelo governo fascista e de direita e extrema direita da Itália, e do oportunismo de promover a sua política para manchar a imagem da esquerda.
Battisti tornou-se um dos militantes da esquerda mais perseguidos do mundo, encontrando hostilidade até mesmo no interior da esquerda, devido à campanha da direita internacional.Mesmo depois de preso na Itália, Cesare conseguiu fugir para o México e, depois, para França, Brasil, e Bolívia, onde acabou preso. Recebeu asilo político em 2007 concedido pelo ex-presidente Lula, mas, diante da ascensão da direita e a extrema-direita também no Brasil, acabou tendo que sair daqui para não ser preso e extraditado.
Não resta a menor dúvida de ser esse um modo de fazer política da direita fascista, como estamos vendo aqui no Brasil, em que rasgam as Constituições e ignoram o pacto social que erige direitos e garantias democráticas, como fizeram com o ex-presidente Lula, ou quando deram o golpe na ex-presidente Dilma, e ainda se utilizam do judiciário para forjar provas e enganar a população com um discurso demagógico de quem se diz democrata, e de estar na defesa da liberdade contra a violência e o terrorismo.
São lutas como essa que a esquerda precisa desmascarar para mostrar para a população a real face da direita e da extrema-direita, e pedir a absolvição e soltura de presos políticos como são Battisti e o ex-presidente Lula, que apesar de solto, poderá voltar para a prisão, que, não obstante vencida a luta da prisão em segunda instância, outra arbitrariedade da direita fascista, não vai impedir que, finalizado o processo, com certeza antes de 2022, a próxima eleição presidencial, ele seja preso novamente.