Portugal vive hoje uma situação dramática na luta contra a Covid-19. O país que até agora tem a maior média de sete dias de casos e mortes per capita do mundo, registrou um total de 12.179 mortes e 711.018 casos de Covid-19.
No sábado (30), as autoridades informaram o colapso da rede médica e hospitalar, cuja ocupação chegou aos quase 100% dos leitos, restando apenas sete leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs) específicas para Covid-19, como resultado do surto que enfrenta.
Em relatório, o Ministério da Saúde aponta que 843 dos 850 leitos de UTI, preparados para a Covid-19, já estão sendo utilizados. E que, outros 420 leitos de UTI,são ocupados por pacientes com outras doenças. O relatório conclui que, diante de uma demanda de 10 milhões de pessoas que compõem a população do país, estes números revelam a insuficiência do sistema diante da preocupante progressão no surto de infecções diárias que alcançaram a marca de 12.435, mesmo tendo o número de mortos caído de 293 para 221.
Desde o dia 14 em lockdown , o governo foi obrigado ao recrudescimento com essas medidas mais contundentes de controle, com o objetivo de evitar a circulação das pessoas depois de ter alcançado pelo 4º dia consecutivo, a maior incidência de mortes diárias pela doença.
Todos esses casos fatais foram determinantes para o fechamento de todas as escolas, também as universidades por 15 dias, da determinação de suspensão pelos tribunais dos casos sem urgência, e do fechamento das igrejas para as reuniões públicas.
Os casos de reinfecção e novos surtos são comuns nos países que, como Portugal, são governados por um regime político e econômico neoliberal, cuja preocupação pela abertura do mercado, ainda que pendente o controle mais rigoroso da pandemia, justifica o risco de colapso do sistema de saúde, que, sucateado e sem conseguir isolar os infectados, alcança altos níveis de contágio e mortes de tempos em tempos, fazendo disso um ciclo vicioso.
A economia não fica parada, e muitos trabalhadores acabam expostos, quando, sem poder fazer o isolamento, enfrentam rotinas de transporte público e nas fábricas com aglomeração, sem, contudo, que tenham a retaguarda de um tratamento adequado pelo sistema de saúde, que fica sucateado e sem investimentos.
Além disso, uma população sem qualificação melhor para o trabalho sofre com as demissões e os fechamentos de empresas, e, sem o respaldo do governo com auxílio emergencial, decai financeiramente e cai para a zona da pobreza e da miséria.
Regimes como esses, são exemplares dos casos em que o lucro da burguesia vem em primeiro lugar, e a desgraça alheia é relegada ao segundo plano, com total desprezo aos direitos e à dignidade humanos, que ficam assim sopesados pelo capricho burguês.