Enquanto Bolsonaro e os governos estaduais continuam de braços cruzados, sem nenhuma ação concreta para combater a crise do coronavírus, muitas famílias têm enfrentado, completamente sozinhas, o fantasma do desemprego e completa falta de dinheiro. Com isso muitas delas estão sendo expulsas de suas moradias pela falta de pagamento do aluguel e demais despesas de suas casas.
Neste cenário a FNL, Frente Nacional de Luta – Campo e Cidade, tez uma importante declaração à imprensa. A organização anunciou mais uma ocupação no município de Itapetininga, na região metropolitana de Sorocaba (SP). A regional já conta agora com quatro ocupações. São 1000 famílias no município de Votorantim, 100 famílias em Salto Pirapora, mais de 200 famílias em Araçoiaba da Serra e mais de 50 famílias em Itapetininga.
A FNL já tinha, anteriormente, realizado ocupações de terras nos municípios de Guararema (na região oeste de São Paulo) e Castilho (nordeste de São Paulo), com centenas de famílias em acampamentos. A FNL está intervindo também em outros estados como Alagoas, Amapá, Pará e Rio Grande do Norte, além de ter feito manifestações em Brasília, nos acampamentos Chico Mendes e Rosa Luxemburgo no município de Samambaia, onde vivem 500 famílias, num total de 2500 pessoas em uma área de mil hectares.
Em junho deste ano o presidente ilegítimo Bolsonaro vetou um projeto que proibia, durante a pandemia, o despejo de inquilinos inadimplentes, mostrando, mais uma vez, que a população carente está sendo levada todos os dias para o matadouro. É evidente que o governo Bolsonaro foi colocado lá para defender os interesses do agronegócio e das grandes empresas. Nesse sentido temos que lembrar que no Brasil nunca foi realizada a reforma agrária. Vemos a cada dia uma concentração cada vez maior das terras nas mãos de apenas um punhado de capitalistas. A necessidade da reforma agrária é um imperativo, ainda mais quando se tem em mente que este problema é um dos principais motivos do subdesenvolvimento de nosso país.
Segundo o último Censo Agropecuário do país, realizado em 2017, constatamos que os anos passam e os índices de concentração de terras são cada vez maiores. Cerca de 1% dos proprietários de terra controlam quase 50% da área rural do Brasil. Por outro lado, as pequenas propriedades, os estabelecimentos com áreas menores a 10 hectares, representam metade das propriedades rurais, mas são apenas 2% da área total. Este retrato da realidade mostra o tamanho da expropriação realizada pelo capitalismo ao longo dos séculos, com consequências políticas, econômicas, ambientais, sociais para a construção do país e seu desenvolvimento, um retrato acabado de uma histórica injustiça social.
Constatou-se também que o número de ocupações diminuiu com o começo do governo Bolsonaro. Em 2018 eram 143 ocupações em curso. No ano seguinte diminuiu para 43. Esta foi uma das consequências da perseguição do governo federal e da violência aplicada pelos latifundiários interessados em anexar mais e mais terra aos seus patrimônios. As ocupações são importantes porque são uma das formas mais eficientes de pressionar o poder público a desapropriar terras improdutivas, abandonadas ou de posse discutível.
A FNL, acolhendo estas famílias sem teto e organizando as ocupações, têm cumprido um importante papel na luta contra a direita e contra estes ataques constantes à população. Diante da realidade dos 100.000 mortos pelo coronavírus e pela perspectiva de muito mais vítimas pela frente se coloca a necessidade premente de uma luta firme contra as polícias genocidas do governo federal. A luta pela terra é uma das mais importantes que o povo deve enfrentar.