A crise capitalista está atingindo em cheio o Brasil. A burguesia tenta apresentar o cenário como alarmante, mas com esperança para o próximo ano. Prova disso é a estimativa de queda no PIB brasileiro de 2020, que é apresentada entre 5% e 6%, o que é um cenário de forte quebra na economia. A “esperança” se dá pelo cálculo totalmente sem base de crescimento para 2021, ficando em cerca de 3,9%.
Esse crescimento para o próximo ano só é possível, segundo a burguesia, caso o país coloque em prática uma política de destruição dos direitos trabalhistas e da indústria nacional. É assim que o setor da direita tradicional, que alguns teimam em chamar de “direita democrática”, pressiona Bolsonaro para que ele leve a política de terra arrasada contra a população.
Nem mesmo o programa chamado “Renda Brasil”, no qual Bolsonaro tentava criar uma base popular própria, foi possível de ser feito. Esse programa, além de fortalecer Bolsonaro frente ao resto da direita, vai contra a política de utilização do estado a favor dos patrões, retirando o dinheiro do bolso do trabalhador e repassando para a burguesia.
O lema agora é “privatizar” e destruir os direitos trabalhistas. O próprio PSDB comemorou recentemente nas redes sociais o sucesso em ter privatizado muito mais do que Bolsonaro, em uma clara tentativa de fazer pressão sobre o bolsonarismo para que mais privatizações fossem realizadas. João Dória também chegou a elogiar Bolsonaro pela política de permissão de cortes nos salários diante da pandemia.
Além dos partidos direitistas, a própria imprensa burguesa leva adiante a mesma política. Apresentando o panorama já citado sobre o PIB, a burguesia busca tentar ludibriar a população sobre a necessidade da política direitista pelo bem da economia.
No entanto, não sendo possível levar adiante a política neoliberal sem uma forte repressão, o país caminha para uma ditadura ainda mais brutal contra a população. Seja com Bolsonaro ou com outro político burguês, como Luciano Huck, Doria e outros, aquele que comandar o país durante a intensificação da destruição nacional precisará se utilizar ainda mais da repressão policial e de leis ainda mais antidemocráticas para ter sucesso.
Prova disso é o que vem acontecendo neste ano, com as alas da burguesia se digladiando através do judiciário por melhores postos no regime político, como no caso do Rio de Janeiro e de Santa Catarina, em que governadores e prefeitos foram afastados dos cargos por simples manobras jurídicas.
É preciso levar adiante uma luta dos operários e de todos os explorados contra ambas as alas da burguesia. A política de Frente Ampla utilizada por parte da esquerda pequeno-burguesa é simplesmente uma maneira de fazer com que justamente a ala da burguesia mais reacionária tome controle do regime político e endureça a ditadura burguesa contra a população.