Desde o golpe de Estado de 2016, a direita golpista procura estabilizar o regime político em crise. Durante o governo do golpista Michel Temer a popularidade do presidente ficou perto de zero. Agora, com Bolsonaro, apesar de o novo golpista ter uma base social o fenômeno está se repetindo: a impopularidade do presidente já é um dado evidente para o país inteiro depois do fracasso dos atos pró-governo do dia 26. Essa crise do governo Bolsonaro e da direita golpista, que é a crise política nacional, em geral coloca para a esquerda diante do problema de como agir nesse quadro.
Há duas políticas diante desse problema que são opostas uma à outra. De um lado, há uma saída eleitoral e de conciliação com setores até mesmo da própria direita tradicional do regime político para se opor à extrema-direita representada pelos bolsonaristas e pelos militares. Uma frente ampla reunindo toda a oposição institucional a Bolsonaro para uma política de oposição parlamentar.
Uma ala do PT já entrou de cabeça nessa política. A chamada frente “Direitos já”, que reuniu tucanos e petistas (e lideranças de 10 partidos ao todo, contando PSOL e PCdoB) em um apartamento em São Paulo para discutir políticas em comum “contra Bolsonaro”, e as recentes reuniões de ex-ministros da Educação e do Meio Ambiente são indicações de como essa política está se desenvolvendo. Trata-se, ao mesmo tempo, de um resgate do PSDB, que praticamente morreu em 2018, e de um reconhecimento de que Bolsonaro teria que governar até 2022, pelo menos, independentemente do clamor popular nas ruas.
De outro lado, há a política de mobilizar as massas contra o governo Bolsonaro, pela derrubada do governo. Uma mobilização capaz de derrotar a direita golpista e obrigá-la a retroceder, pela primeira vez desde o golpe. Há uma tendência favorável à mobilização, conforme mostraram os atos dos últimos dias 15 e 30. A greve geral do próximo dia 14 deverá confirmar a força dessa tendência. O povo quer ir às ruas para se opor ao governo, e por isso sai às ruas em massa pedindo: Fora Bolsonaro!
A política de se unir aos tucanos só serve para salvar o PSDB e fortalecer a direita, além de reconhecer o governo ilegítimo de tal forma que ele possa ter tempo para assentar suas lutas internas, contornar a crise e finalmente se consolidar. Enquanto a política de levar a população às ruas com um programa claro, exigindo a queda do governo, pode efetivamente levar a uma vitória contra a direita golpista, especialmente com a mobilização em torno de greves gerais.
Uma é o contrário da outra. A conciliação com os tucanos em torno de uma oposição parlamentar não tem palavras de ordem, mas se tivesse seria a seguinte: fica Bolsonaro! A aposta fica para 2022, caso a extrema-direita ainda ache necessário realizar eleições a essa altura. É a negação do que os trabalhadores estão pedindo quando saem às ruas em atos massivos contra a direita golpista.
Já a política expressa por Fora Bolsonaro! apresenta um eixo político para unificar todas as frentes em que os trabalhadores estão se opondo ao governo, seja pelos cortes na educação, seja contra o roubo das aposentadorias, seja por qualquer outra das inúmeras reivindicações que expressam uma rejeição ao governo. Enquanto a conciliação com os tucanos é uma capitulação diante da direita, a oposição ao governo nas ruas é uma alternativa capaz de derrotar todo o programa da direita de uma vez. Para isso, é preciso mobilizar os trabalhadores com um programa claro rumo à greve geral do dia 14: Fora Bolsonaro! Liberdade para Lula! Eleições gerais já! Lula candidato!