Na última sexta-feira (10) foram registradas duas mortes pelo vírus Corona nos Correios. Pela manhã faleceu Elivaldo Almeida de 58 anos que trabalhava em uma agência no shopping em Manaus. Em São Paulo pela madrugada, a vítima foi Osmar Alves Sanches, de 54 anos, que trabalhava no 3° turno no setor de triagem de Jaguaré. Um dado obtido através da Lei de Acesso à Informação pela agência Fiquem Sabendo, mostra que já há 91 funcionários da empresa confirmados com Covid 19 em números oficiais.
No fim de março, os trabalhadores dos correios denunciaram a ausência de equipamentos de proteção individual aos funcionários. De acordo com a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresa de Correios e Telégrafos e Similares (FENTECT), “as máscaras chegarão tarde de mais”. Segundo o Jornal VS, o primeiro lote de máscaras chegará somente em 17 de abril, e será distribuído primeiro para os carteiros e operadores de triagem e transbordo. E em um segundo momento para o resto do efetivo.
Após reclamação do sindicato e funcionários, a empresa ameaçou os trabalhadores que se negassem a trabalhar por falta dos equipamentos de segurança (EPIs). A partir do dia 30 de março aqueles que se negassem a trabalhar por falta de luvas e máscaras deveriam assinar um “Termo de Recusa” que iria servir para a aplicação de sanções que vão de advertência até suspensão e demissão por justa causa. Precisou morrer duas pessoas para que os Correios decidissem comprar máscaras e luvas para os funcionários.
Foi preciso notificar 91 casos confirmados pelo Coronavírus para a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) tomar uma atitude e comprar EPIs – que ainda não foram distribuídos. Mesmo sabendo da gravidade da Pandemia a direção dos Correios não garantiram a segurança dos ecetistas. E correram ao STF para garantir que os trabalhos da empresa fossem considerados serviços essenciais e proibir a categoria de fazer greves. De acordo com relatos dos funcionários existe uma pressão para que não se afastem mesmo sendo do grupo de risco, sob pena de perca de direitos e benefícios.
São mais de 100 mil funcionários na ECT, divididos em trabalhos nas ruas no transporte e distribuição de carga de casa em casa, dentro de galpões fechados controlando e separando encomendas e nas agências com atendimento ao público. Por conta da quarentena, aumentaram as compras pela internet, consequentemente a exposição dos trabalhadores ao vírus também. Além disso, para chegar aos locais de trabalho a maioria enfrenta os transportes públicos lotados. Tudo isso para garantir a entrega de produtos para que burguesia e classe média cumpram seu isolamento social.
A direção dos Correios presidida pelo general Floriano Peixoto segue as deliberações do governo fraudulento de Bolsonaro atacando os funcionários, tratando-os como escravos, sem direito de greve, sem direito a reclamar, sem direito sequer de ter sua saúde preservada. Os sindicalistas que controlam os 35 sindicatos dos trabalhadores dos Correios precisam convocar assembleias dos Correios para que a categoria aprove greve e defenda suas vidas.
Nas últimas semanas militantes da Corrente Sindical Ecetistas em Luta e militantes do Partido da Causa Operária (PCO) estarão nas portas dos centros de distribuição dos Correios em São Paulo fazendo panfletagens e distribuindo milhares de boletins Ecetistas em Luta. O boletim distribuído chama os trabalhadores a se mobilizarem pela greve de toda categoria, como a única forma de defender a vida dos trabalhadores, suas famílias e seus salários e direitos.