Na segunda-feira (25), entram em vigor as medidas mais restritivas da fase vermelha do Plano São Paulo em sete regiões (Franca, Barretos, Presidente Prudente, Marília, Bauru, Sorocaba e Taubaté) do estado de São Paulo. Nenhuma cidade paulista está na fase amarela, inclusive a capital e a Grande São Paulo. A duração das medidas se estenderá até 7 de fevereiro.
Na fase vermelha, as medidas restritivas funcionam todos os dias das 20h às 6h, 24 horas nos finais de semana e feriados das próximas duas semanas (25, 30 e 31/1; 6 e 7/2). Somente as atividades consideradas essenciais estão autorizadas a funcionar neste período.
O governador João Doria (PSDB) procura implementar medidas que são propagandísticas, com o intuito de passar a impressão que algo está sendo feito para combater a pandemia e projetá-lo no cenário político nacional para concorrer às eleições presidenciais de 2022. A imprensa capitalista se apressa a apresentá-lo como o salvador do Brasil, agora como o responsável pela vacinação.
São Paulo, governador pelo PSDB há 30 anos, é o epicentro nacional da pandemia, com 1.694.355 de casos confirmados e 51.423 óbitos reconhecidos oficialmente. Até o momento, nada de concreto foi feito para organizar o povo e enfrentar a pandemia. Todas as medidas tomadas, inclusive o isolamento social parcial, tinham por finalidade a projeção política e eleitoral de João Doria. Não houve a distribuição de equipamentos de proteção individual, os transportes públicos permaneceram superlotados, os presídios continuaram na mesma situação, a população pobre continuou tendo que trabalhar para sobreviver, mesmo que isto significasse a exposição ao contágio. Aconteceram demissões massivas e cortes de salários. Nenhuma política de amparo à população foi, de fato, implementada.
A pouca estrutura montada de saúde pública para atender a população, João Doria desmontou. Agora que a pandemia explodiu, não há como garantir o tratamento de todos os doentes. São inúmeras as denúncias de falta de vagas no sistema público de saúde. O que demonstra que os responsáveis pela morte de centenas de milhares de brasileiros são as autoridades.
No contexto das eleições municipais, os dados sobre o Coronavírus deixaram de ser divulgados pela secretaria estadual de Saúde. Doria dizia que os casos não estavam aumentando e que não havia com o que se preocupar. Com o término das eleições, o mesmo admitiu oficialmente o aumento de 20% das internações. Muito antes de Bolsonaro propor, em São Paulo já se havia mudado a metodologia de compilação dos dados, o que serve para dificultar a interpretação da realidade.
A decretação da fase vermelha procura ocultar os verdadeiros responsáveis pelo massacre, transferindo a culpa para a população. É absolutamente natural que a população trabalhadora não siga as restrições impostas por Doria, de não poder sair à noite e nos finais de semana e feriados. Depois de um dia de trabalho e exploração, é lógico que a população não vai ficar em casa, isso para aqueles que têm essa possibilidade.
O sentido político é criar uma base para dizer que a população não respeita as medidas, que o povo brasileiro não é capaz de seguir as determinações do governo, e, portanto, é fácil compreender o porquê de a situação ter chegado a um nível crítico. Trata-se de um jogo de cena, promovido pelo político tucano. Com a propaganda da imprensa capitalista, setores direitistas da classe média – inclusive da esquerda pequeno-burguesa – se apressam a colocar a culpa no povo, e com isso livrar o governador e as demais autoridades de suas responsabilidades perante o país.
Para Doria, a população deve ser vista como uma escrava, pois só deve sair de casa para trabalhar. No horário de trabalho, é autorizada a saída. No horário de descanso e lazer, deve-se ficar preso em casa.
A imprensa capitalista tem realizado uma operação sistemática para transferir a culpa das infecções e mortes para a população. As festas do final do ano, encontros de família, churrascos e confraternizações foram elencadas como os principais fatores de disseminação do vírus. Curioso é que o Metrô de São Paulo e os transportes públicos lotados, que transportam milhões de pessoas diariamente, não são considerados da mesma forma. Na cidade de Bertioga, a Polícia Militar reprimiu os banhistas.
A operação eleitoral de João Doria é uma demonstração de que a direita não tem qualquer preocupação com a situação do povo. Na questão da vacinação, fica cada vez mais claro que também se trata de uma propaganda, uma vez que não há vacinas suficientes para a população, nem mesmo para o setor de saúde, que se encontra na linha de frente do combate à doença.