Em evento organizado pelo banco suíço Credit Suisse em 28/1 deste ano, o governador playboy João Dória acenou aos capitalistas internacionais com a intenção de privatizar a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, a Sabesp. Bastaria apenas aguardar a tramitação do marco regulatório do setor (PL 4.162/2019), que tramita no Congresso Nacional.
Vale lembrar que o processo de privatização da empresa se iniciou já em 1994, com a privatização de parte do seu capital, processo que foi aprofundado a partir de 2002, quando passou a integrar uma categoria especial de investimentos da Bovespa chamada “Novo Mercado”. Esta categoria prevê uma série de garantias e benefícios aos acionistas, obviamente em detrimento da população que depende dos serviços prestados exclusivamente pela empresa.
Enquanto o saneamento básico segue sendo um direito negado à maioria dos brasileiros, os investidores fazem a festa com os lucros das ações da Sabesp, que passaram a ser negociadas também na Bolsa de Valores de Nova York. A farra de lucros se deu inclusive durante a crise hídrica de 2014, quando chegou a ocorrer racionamento do fornecimento de água na capital, por exemplo, em especial nos bairros periféricos.
Deixar uma empresa que é responsável pelo tratamento e fornecimento de água, além do tratamento de esgoto (que ainda é muito precário no país) nas mãos de investidores internacionais é um crime contra a população e mais um ataque do governador fascista, que concorreu às eleições de 2018 se apresentando como “BolsoDória”, surfando na campanha golpista da imprensa burguesa contra o PT.
Com a crise do governo Bolsonaro, o oportunista João Dória tenta se descolar deste rótulo ao mesmo tempo em que se aproxima do “centrão”. No entanto, implementa o mesmo programa de destruição do patrimônio público para beneficiar os capitalistas estrangeiros. Dória já manifestou publicamente sua intenção de privatizar tudo o que for possível, como estradas, aeroportos, trens, balsas, parques e até presídios.
O que ainda restou das empresas estatais no Brasil é objeto de cobiça para os abutres do mercado financeiro, o que pode ser observado pela pressão privatista expressa inclusive por políticos que se dizem de esquerda, como Flávio Dino (PCdoB) e Rui Costa (PT), governadores do Maranhão e Bahia. Não por acaso, ambos são apoiadores do projeto de Frente Ampla junto aos partidos da direita tradicional.
É preciso barrar urgentemente os ataques de Doria em São Paulo, da mesma forma que Bolsonaro no Governo Federal. Esperar pelas eleições de 2022, além de uma fantasia política, é aceitar o desmonte de serviços básicos à população. Chega da farra nas bolsas de valores às custas do povo. Fora Bolsonaro! Fora Doria!