No último sábado (6), o Estado de São Paulo atingiu sua fase mais restritiva da quarentena, que permanecerá até o dia 19 de março. Junto a ela, surgiu a defesa, por Doria e seus aliados, de medidas de “escalonamento do horário de trabalho para evitar lotações” nas plataformas de trens e ônibus.
Por trás dessa suposta defesa do isolamento social por parte da direita dita “científica”, encontramos a farsa do lockdown não só de Doria, mas de todos os demais governadores dos Estados brasileiros. Alexandre Baldy, secretário dos Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo, recomenda que os passageiros evitem horários de pico. Um absurdo por si só, pois tenta, descaradamente, jogar a culpa nos próprios trabalhadores pela disseminação do vírus. Que fariam os trabalhadores para evitar o horário de pico, dormir no chão dos seus locais de trabalho? Além de obrigá-los a trabalhar, com ameaças de demissão, agora querem restringi-los de retornarem para suas próprias casas.
São Paulo está agora atingindo seu nono recorde seguido de pacientes internados com Covid-19 desde o início da pandemia, comprovando mais uma vez que nunca houve reais esforços por parte do governo de Estado para controlar a propagação do vírus. A indústria em momento algum parou, e não parará se depender do “científico” governador João Doria. Não é de seu interesse, e está muito longe de ser, confrontar os interesses da burguesia que consistem na abertura total do comércio.
A imprensa burguesa decidiu dizer que o problema principal da pandemia são as festas de trinta pessoas, os bares e sociais. Enquanto a classe média bate a cabeça nessa mesma tecla há meses sem solucionar problema algum, o problema central de contaminação é ignorado, sendo ele, como citado anteriormente, os transportes públicos, ônibus e trens lotados, onde os trabalhadores diariamente ficam expostos à contaminação e disseminação do vírus.
Baldy diz que é impossível manter o distanciamento social dentro das plataformas por serem estreitas demais, porém tenta se justificar falando que “100% da frota já está em funcionamento e que foram implementadas medidas de higiene e protocolos de limpeza”, tratando como se isso impedisse, nem que minimamente, com que milhares de pessoas se infectassem ao ir e voltar do trabalho.
Doria consegue levar adiante sua política impopular e genocida porque um setor da esquerda diz acreditar nas supostas medidas de Doria e Cia., que realmente existem esforços para que o isolamento social seja concluído com sucesso e freie o avanço da pandemia. Não entendem e não querem entender, ou no mínimo possuem uma péssima memória, que já foram feitos diversos lockdowns iguais a esse, e que nenhum deles diminuiu o nível de transmissão do vírus pois foram feitos para não funcionarem, sendo sempre combinados com as chamadas flexibilizações do comércio e da quarentena. É apenas demagogia para que a classe média e pequena-burguesia, iludida com seus sonhos de uma suposta direita ‘anti’-bolsonaro, se sintam satisfeitas por um curto espaço de tempo pensando que algo está sendo feito.
Diante dessa política assassina, é preciso reagir com um programa dos trabalhadores para a crise sanitária e a crise econômica. É preciso defender a vacinação imediata para todos, a redução de jornada de trabalho e um salário mínimo que corresponde às necessidades vitais do povo.
