Após a grande visibilidade que tiveram nas redes sociais algumas gravações da violência da PM contra manifestantes no último domingo, o governador de São Paulo, João Doria, o “Bolsodoria”, afirmou publicamente que não endossa nenhuma atitude violenta de sua polícia.
Sim, quem disse isso foi o mesmo político que afirmou que a partir do primeiro dia do seu governo a polícia atiraria para matar. Em sua campanha nas eleições de 2018, alinhou seu discurso ao também fascista Jair Bolsonaro, prometendo ampliar os efetivos policiais, comprar mais armas e apoiar a linha dura policial.
Além disso retomou a velha ladainha, muito recorrente nestas últimas décadas de governos tucanos em São Paulo, de que a corregedoria da PM está analisando as imagens e que “se houve erro que os que erraram sejam punidos”.
Mais do mesmo
A atuação da Polícia Militar não é nenhum raio em céu azul, mas uma terrível rotina. Enquanto derrama sangue impunemente nas periferias, reprime duramente as manifestações progressistas. Mais recentemente, atua também como segurança para as manifestações fascistas.
As reintegrações de posse, nas quais muitas famílias pobres são espancadas e expulsas de suas precárias habitações, também fazem parte da rotina dessa polícia. Na cruel ação policial na favela do Pinheirinho em São José dos Campos em 2012, por exemplo, mais de mil famílias foram violentamente expulsas, seus poucos bens materiais destruídos e houve inclusive relatos de estupros realizados por policiais da ROTA (tropa da PM famosa pelo altíssimo número de mortes em suas ações).
Por acaso, o governador desconhece essas práticas? Obviamente que não. Trata-se da tradicional demagogia direitista, lançar os cães de guarda da burguesia sobre a população e em seguida declarar que não teve participação e tomará as “devidas providências”.
Sabemos que não acontece nada nem mesmo quando existem provas irrefutáveis, como filmagens de conhecimento público. Em junho de 2013, em uma das manifestações duramente reprimidas, um policial foi filmado quebrando o vidro da própria viatura, outros foram filmados disparando balas de borracha diretamente sobre a imprensa que registrada a situação, entre outros muitos casos.
Resquício da ditadura militar
Apesar de já existir antes do golpe militar de 1964, foi na ditadura que a PM passou a fazer parte do cotidiano urbano brasileiro. Um prova definitiva da farsa da “redemocratização” é justamente a sobrevivência desta verdadeira máquina de matar.
Graças às Polícias Militares em cada um dos estados nacionais, a população pobre brasileira está exposta a um estado de exceção permanente. Não é por acaso que uma pauta recorrente nas manifestações é justamente o fim da PM.
Defendemos a extinção da Polícia Militar, em seu lugar propomos a organização de milícias populares. Milícias com suas lideranças eleitas pela própria população, prestando contas diretamente ao povo em assembléias populares.