O Dólar norte-americano continua aumentando em relação ao Real brasileiro. No fechamento do último pregão, eram R$4,206 para cada dólar. A imprensa burguesa evitou dar destaque ao fato de que este é o maior fechamento histórico do dólar, desde o início do Plano Real. Até então, a maior cotação era de R$4,196, alcançada em setembro do ano passado.
Para aqueles que culpavam a soltura do ex-presidente Lula pela alta do dólar, não custa lembrar que a desvalorização cambial é uma características dos governos recessivos neoliberais. Com Fernando Henrique, a moeda norte-americana saltou de um real para quatro, aproximadamente. A cotação passou a baixar a partir do governo Lula, caindo para menos de dois reais. Com as pressões de um Congresso direitista sobre Dilma Rousseff, e as repercussões da crise internacional, o dólar voltou a subir aos patamares atuais. O golpe de 2016 não reverteu esta situação.
O fato, expõe a situação preocupante na qual a economia brasileira se encontra. O PIB brasileiro segue estagnado ao longo dos últimos 5 anos, e demais indicadores de emprego, renda e atividade industrial pioram. Sem a perspectiva de retomada do desenvolvimento econômico, os capitalistas estrangeiros se retiram do país, pressionando a alta da moeda.
Manobras especulativas têm segurado a cotação da moeda internacional, e evitado a queda da Bolsa de Valores. Por um lado, o Banco Central tem vendido altíssimos volumes de dólar, nos últimos meses. Ao fazer isso, queima reservas internacionais, tornando o país mais vulnerável a crises econômicas. Por outro lado, o capital estrangeiro vende discretamente suas ações em empresas brasileiras, enquanto fomenta uma campanha intensa para que a classe média coloque lá suas economias. Há fortes riscos de que estejamos assistindo a uma bolha especulativa no mercado financeiro. Assim que esta manobra estiver concluída, o preço das ações pode cair bruscamente, e o dólar poderá subir a níveis muito mais altos.
A consequência direta para a população é a pressão inflacionária. Como nossos combustíveis estão atrelados aos preços internacionais, se tornarão mais caros, pressionando para cima o valor dos fretes, que influenciam toda cadeia produtiva. A outra parte atingida é a classe média-alta, que terá aplicado sua poupança em ações que agora valerão uma fração do preço de compra. O dólar alto também influencia os preços dos produtos importados, componentes de peças e equipamentos de tudo o que consumimos.
Este cenário preocupante se acena no futuro próximo, resultado da política recessiva que Bolsonaro e os golpistas reservam para nosso país, a serviço do imperialismo.