Segundo informações da Comissão Pastoral da Terra (CPT), mais de cem trabalhadores sem terra já foram assassinadas no estado de Mato Grosso desde 1985. No ano passado, nove sem terra perderam a vida em um único massacre na região de Colniza, a pouco mais de um quilômetro de Cuiabá. Assim como na maioria dos atentados contra os trabalhadores do campo, não houve qualquer punição aos responsáveis.
Os latifundiários, que controlam praticamente todas as terras produtivas do país, principalmente no Centro-Oeste e no Norte do Brasil, são os grandes inimigos de quem trabalha no campo. Empurrados pela concorrência capitalista, os posseiros estão sempre dispostos a fazerem o que for possível para conseguirem ampliar suas terras e submeter os camponeses a um regime de trabalho semelhante à escravidão.
Como são sócios importantes do Estado brasileiro, os latifundiários desfrutam de grande liberdade para atacar violentamente os setores que se rebelam contra o latifúndio ou que simplesmente ocupam terras de interesse do agronegócio. Os jagunços, que são os elementos contratados pelos latifundiários para perseguir o movimento camponês, podem andar armados e muitas vezes matar sem nenhum impedimento.
A vitória de Jair Bolsonaro nas eleições desse ano foi entendida pelo latifúndio como um sinal de que os sem terra e índios devem ser completamente subjugados ao fuzil dos jagunços. Ancorada em organizações de extrema-direita, a candidatura de Jair Bolsonaro representa um aprofundamento do golpe de Estado, isto é, o avanço do golpe para uma etapa em que a burguesia está disposta a guerrear contra população de maneira ainda mais explícita.
A Polícia, o Judiciário e tudo mais que estiver acoplado ao Regime Político servem única e exclusivamente aos interesses da direita. O imperialismo realizou uma série de investidas para garantir que as “instituições” estivessem a reboque do golpe de Estado. Por isso, a única saída para os trabalhadores do campo é a união de todos os explorados para a derrubada incondicional do Regime Político.
Para derrubar o Regime Político, é necessária uma mobilização ampla contra o golpe de Estado. É preciso formar comitês de luta contra o golpe em todos os bairros, universidades, assentamentos, aldeias indígenas, fábricas, escolas e onde mais for possível reunir os setores interessados em levar adiante a luta contra os golpistas.
Além da mobilização, é necessário que os trabalhadores estejam sempre atentos à sua proteção diante das investidas da extrema-direita nas ruas e no interior do País. Por isso, é preciso que os camponeses organizem comitês de autodefesa no campo e lutem pelo seu direito democrático pelo armamento irrestrito da população.