Foi revelado esta semana, pela própria imprensa burguesa, documento que revela alguns detalhes da ação dos militares no Brasil durante os anos de chumbo. Nunca é demais lembrar que existem militares que defendem que não houve mortes, perseguições, execuções, etc. Mas a própria CIA desmente.
O documento é datado de 11 de abril de 1974, e foi elaborado pelo então diretor da CIA, William Egan Colby, e endereçado ao secretário de Estado dos EUA Henry Kissinger, e reconhece que pelo menos 104 foram “sumariamente executadas pelo CIE durante o último ano aproximadamente”. CIE era o Centro de Inteligência do Exército.
Todo o texto era uma relatoria de um encontro entre Geisel e Figueiredo com os generais Milton Tavares e Danton Avelino, que estavam trocando de comando na chefia do CIE.
Agora a denúncia ganhou maior força em virtude de os militares estarem ganhando, aos poucos, espaços no regime político brasileiro. É o que se vê, por exemplo, na intervenção militar no Rio de Janeiro.
Bem dizer, o próprio Poder Executivo nacional, o Judiciário e outras instituições só decidem de tal ou qual maneira depois de alguma conversa com os militares, depois que o militares determinam tal ou qual ação. É o que revela, também, a execução de Marielle Franco, assassinada com a cobertura e participação dos militares, todos.
A denúncia veio em boa hora para intensificar a campanha contra os militares como um todo. Lugar de militar é no quartel, somente. É preciso lutar pelo fim da intervenção no Rio, contra o golpe de Estado e, especialmente, contra a prisão de Lula, um dos alvos históricos dos militares.