Passados quase três anos da suspensão da Torcida Jovem do Flamengo nos estádios do Rio de Janeiro pelo Tribunal de Justiça daquele Estado, em razão do assassinato do torcedor botafoguense Diego Silva Santos, o que se observa é tão somente um endurecimento da censura e perseguição das polícias e do poder judiciário sobre organizações populares dessa natureza.
Sobre isso alguns pontos devem ser colocados. Primeiramente é a transferência da culpa de crimes cometidos por determinados torcedores às torcidas que estes compõem. Isso é um costume recorrente para punir casos de violência envolvendo futebol, ou seja, presunção de culpa, ignorando a possibilidade de tão somente um indivíduo ou outro não responda pela torcida. Evidentemente esse raciocínio se aplica tão somente a torcedores, ou seja, massacres cometidos por policiais militares nas periferias e favelas do Rio, aos olhos do TJ-RJ não está vinculado à farda, mas apenas a um caso isolado que se repete sistematicamente.
Outro ponto é o aprofundamento da elitização do futebol, onde torcidas organizadas não são bem vindas, assim como o comportamento caloroso destas, buscando-se um perfil que mais pareça de espectadores de uma partida do Torneio de Wimbledon. Junto com isso temos o ataque à liberdade de expressão dos torcedores, onde até mesmo faixas e gritos passam por um controle das polícias.
O que se vê nesse caso é o interesse em eliminar a Torcida Jovem do Flamengo dos estádios, afinal por três anos banida dos estádios, significa três anos sem manter vínculo com seus associados ou criar novos associados, vedação a venda de produtos no local de maior concentração de torcedores. Não se pode de modo algum aceitar a demagogia da imprensa burguesa de combate às torcidas sob o pretexto de combater a violência, uma armadilha para elitizar o futebol.