As medidas tomadas pela prefeitura de Salvador para tentar organizar a crise do coronavírus, na medida em que a situação se agrava, apelam para a repressão para insistir na política da quarentena. O atual prefeito, Antônio Carlos Magalhães Neto, anunciou um decreto municipal que determina a suspensão de atividades de lojas com mais de 200 m², salvo algumas exceções (lojas de limpeza, construção, farmácias, supermercados e oficinas), e informou sobre a paralisação de bares e restaurantes, bem como de qualquer atividade sonora na capital baiana para evitar aglomerações. Além disso, no dia 3 de abril, foi notificado a extensão de 15 dias para o decreto que mantém shoppings fechados e praias interditadas, e que inclui os comércios de rua e as lojas com mais de 200 m².
A polícia militar e a guarda municipal estão não só autorizadas para tirar as pessoas da rua como, vangloriadas pela grande mídia, impondo restrições cada vez mais autoritárias. Nesta semana, no bairro do Uruguai, em Salvador, a PM e a Guarda forçaram um toque de recolher aos cidadãos durante a noite.
É um ataque direto aos direitos democráticos fundamentais da população e aos trabalhadores sem auxílio, os quais precisam se sustentar por esses meios. É importante enfatizar que a crise só vai se agravar, e todas as medidas autoritárias acabarão recaindo sobre qualquer manifestação e organização popular. Com a desculpa do combate ao coronavírus, as milícias poderão desmobilizar qualquer reunião entre sindicatos ou conselhos populares para manter e salvar os lucros dos capitalistas.
O problema da epidemia é um problema concreto para o povo e a burguesia não tem política para solucionar a crise. A proposta da quarenta seria efetiva com uma ampla política de testes, confinando os contaminados e parando o encadeamento da transmissão. No entanto, a quarentena é histérica e artificial, sem testagem e servindo somente para parte da população. Assim, a direita que comanda o poder estatal, busca admitir medidas extremas para impor um regime de exceção e intimidar a população que visa sair às ruas para protestar.
Por isso, deve-se reconhecer o maior medo do inimigo de classe da população, e não cooptar com a direita e a imprensa golpista para que se construa o aparato necessário capaz de concretizar o genocídio e impedir a luta popular. É preciso lutar utilizando todas as estratégias operárias e principalmente a mobilização em torno do Fora Bolsonaro e todos os golpistas, para conquistar o direito à sobrevivência e a dignidade do povo.