A ditadura boliviana prendeu nessa quarta feita, 01 de janeiro, a estudante Maria Alejandra Salinas Quiroga pelo crime de publicar memes nas redes sociais que atentariam contra a moral do regime. Apoiada pelo imperialismo e seus capachos como Bolsonaro, a golpista Jeanine Añez tem mobilizado a milícia virtual de bots para promover uma ampla campanha de difamação contra a estudante nas redes.
O blog de Quiroga – “Suchel” – já havia encerrado suas atividades após uma série de ameaças que incluíam estupro, a morte da estudante e atentados contra sua família, seguindo o modus operandi tradicional dos fascistas.
A prisão política provocou uma onda de denúncias por parte de órgãos dedicados a proteção da liberdade de expressão na Bolívia e no mundo, além de ter sido amplamente denunciado na imprensa internacional e por grupos de defesas dos direitos das mulheres, que a exemplo da nota publicada pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências de Desenvolvimento da Universidade Mayor de San Andrés, lembram os riscos que acompanham as mulheres vítimas de prisões políticas em regimes ditatoriais. Tratando-se de uma pessoa que já foi ameaçada de estupro, e considerando o histórico hediondo das ditaduras latino-americanas, o perigo não é de modo algum imaginário.
Como temos denunciado neste diário, tendo menos reserva para buscar “aproximações sucessivas” mais seguras, a burguesia boliviana e o imperialismo são obrigados a implementar o receituário do golpe fascista de maneira explícita. Sem muitas opções, a tendência é que o terror fascista evolua para um regime de carnificina aberta, a menos que enfrente a reação organizada e disciplinada dos únicos segmentos com força suficiente para pôr um fim ao golpe de Estado na Bolívia: os operários e os camponeses. Nesse sentido, o que não falta às organizações revolucionárias bolivianas são exemplos de que a ditadura de Añez enfrenta uma ampla rejeição por parte dos trabalhadores. E se os partidos tradicionais de esquerda se perdem em meio às mais covardes capitulações, organizações que unam os setores mais corajosos e dispostos precisam ser criadas pela vanguarda dos trabalhadores. E conforme o mundo tem observado, trabalhadores bolivianos corajosos e dispostos a enfrentar a ditadura existem aos milhares no país vizinho.
A situação da Bolívia é emblemática para entendermos o problema do fascismo e serve de alerta vermelho para a esquerda brasileira, especialmente os setores mais conservadores que, movidos por uma fé cega e descabeçada, tendem a imaginar que através de uma política de avestruz, é possível se deixado em paz pelos fascistas brasileiros. Lá, como cá, o fascismo precisa ser enfrentado com toda energia disponível, e a força das armas se necessário. O inferno fascista nunca na história foi derrotado com discurseira chata. A história prova que só a ação enérgica dos trabalhadores organizados e lutando coletivamente tem se mostrado eficiente no combate ao regime de guerra civil imposto pelas experiências infernais do fascismo.