Nessa segunda-feira (14), o tribunal supremo da Espanha condenou nove líderes independentistas catalães a sentenças que variam de nove a 13 anos de prisão por estarem à frente do processo de independência da Catalunha em 2017, que foi suprimido violentamente pelo governo central de Madri.
As penas foram as seguintes: 13 anos para Oriol Junqueras (ex-vice-presidente do governo catalão); 12 anos para Raül Romeva, Jordi Turull e Dolors Bassa; 11 anos e seis meses para Carme Forcadell (ex-presidenta do parlamento catalão); 10 anos e seis meses para Josep Rull e Joaquim Forn; nove anos para Jordi Sànchez (líder da ANC) e Jordi Cuixart (líder da Òmnium Cultural).
Além deles, sofreram multas os réus Carle Mundó, Meritxell Borràs e Santi Vila, acusados e culpados por desobediência ao participarem da realização da referendo independentista de outubro de 2017, proibido pelo governo espanhol mas cujo “sim” venceu e os separatistas declararam a independência do país.
Por sua vez, o ex-presidente da Generalitàt (o governo catalão), Carles Puigdemont, recebeu novo mandado de prisão internacional “por crimes de sedição e desvios de recursos públicos”. Ele se encontra exilado na Bélgica, que tem sido refúgio de notáveis perseguidos políticos internacionais, como o ex-presidente equatoriano Rafael Correa.
Protestos contra as condenações
O povo catalão reagiu às condenações protestando nas ruas. Em Barcelona, capital da região autônoma, três grandes ruas encheram de gente pedindo liberdade para os presos políticos. Milhares de pessoas também se deslocaram para o aeroporto de El Prat e outros para a frente da sede da Òmnium. Houve também bloqueio de vias nas cidades de Tarragona e Girona.
Ditadura
As condenações reforçam as denúncias de que a Espanha não passa de uma ditadura travestida de democracia. Quando o fascismo franquista terminou, no final da década de 1970, as mesmas forças políticas que o sustentavam foram alçadas oficialmente ao poder.
Diante da crise capitalista de 2008, a Espanha foi um dos países europeus mais atingidos, levando milhões de trabalhadores a uma situação degradante. Isso fez com que ressurgisse com maior força o movimento de independência dos países dominados por Madri, especialmente a Catalunha, que se tornou o coração da crise política espanhola.
Finalmente, os catalães realizaram um referendo em outubro de 2017, proibido por Madri, no qual a vontade de se separar do resto da Espanha saiu vitoriosa. Os dias que antecederam e se seguiram ao referendo foram regados a sangue pela forte repressão espanhola.
Os líderes do referendo, em especial Puigdemont, desafiaram o regime do então primeiro-ministro conservador Mariano Rajoy e decretaram a independência. Foram acusados de diversos crimes pelos tribunais franquistas de Madri e o exército espanhol quase realizou uma intervenção militar para estabelecer uma ditadura na Catalunha.
Desde então, os principais dirigentes catalães têm sido perseguidos e os direitos políticos da região suprimidos na prática, embora as últimas eleições tenham mostrado um aumento na votação popular dos partidos independentistas.