“O Estado é que vai decidir se vai privatizar ou não, o Congresso Nacional. São os representantes do povo. Então a greve se transforma em manifestação política, como grupo de pressão ou lobby sobre o Legislativo.” Assim se manifestou o ministro Ives Gandra Martins Filho, após decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) em estabelecer como abusiva a greve dos trabalhadores da Eletrobrás, em junho de 2018, contra a privatização da companhia.
A felicidade de Gandra Filho não é sem motivo. O ex-presidente do TST é o principal empregado dos lobbies das empresas imperialistas dentro do tribunal.
O contentamento do ex-ministro não é, obviamente, somente por conta da criminalização da greve dos trabalhadores eletricitários. O cálculo do lambe-botas do imperialismo vai muito além.
Como um escudeiro dos “Chicago boys” do ministério da Economia no TST, Gandra aposta que o posicionamento dos ministros se transformará em jurisprudência e que isso facilitará a repressão às greves que fatalmente surgirão em decorrência da liquidação das empresas nacionais pelo governo golpista de Bolsonaro.
O próprio nome de Gandra nos remete a um outro Gandra, também advogado e jurista, o pai. Um fervoroso adepto do movimento católico de extrema-direita, a Opus Dei e, assim como o filho, um fervoroso defensor do neoliberalismo.
O golpe de Estado em curso no Brasil e em toda América Latina, visa promover a volta do neoliberalimo para retomar a destruição das economias nacionais a favor do imperialismo norte-americano.
O julgamento do TST, assim como as seguidas medidas aprovadas pelas diversas instâncias do judiciário, do STF até a vara de primeira instância de qualquer pequena cidade do país, vêm todas no sentido de aprofundar o golpe contra a população trabalhadora brasileira e em grande medida são tomadas contra a própria Constituição do país.
A decisão do TST é mais um instrumento na sanha do grande capital destruir a nossa economia. Se uma greve contra a privatização de uma empresa, em outras palavras, em defesa do emprego e dos salários dos próprios trabalhadores, pode ser proibida, está sendo dado um grande passo no sentido de extinguir definitivamente o direito de qualquer greve de trabalhador, seja por qual motivo for.