Segundo informado pela revista golpista Época, a extrema-direita brasileira estaria organizando um ato e homenagem ao ditador chileno Augusto Pinochet. A homenagem é uma iniciativa do deputado estadual Frederico d’Avila (PSL), que propôs que a Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP) realizasse um ato pró-Pinochet no dia 10 de dezembro.
Imediatamente após o anúncio de que a extrema-direita estaria organizando uma homenagem a um dos mais sanguinários ditadores da história, o Partido da Causa Operária (PCO) decidiu convocar uma manifestação para o dia 10 de dezembro, que teria como objetivo intensificar a campanha pelo “Fora Bolsonaro” e impedir, na marra, que a homenagem a Pinochet acontecesse.
O movimento popular, em geral, se mostrou disposto a impedir a celebração da extrema-direita, de modo semelhante ao que foi feito no dia 13 de novembro, quando os fascistas pró-Guaidó foram expulsos da Embaixada da Venezuela. Diante da tendência à radicalização, a burguesia interveio no sentido de desfazer o ato. Ontem (21), o presidente da ALESP Cauê Macris (PSDB) declarou que não permitirá que Pinochet seja homenageado.
Independentemente de o ato em homenagem a Pinochet acontecer ou não, o fato é que seu nome vir à tona no cenário político brasileiro atual diz muita coisa. O Brasil, que tem como presidente o fascista Jair Bolsonaro, está se encaminhando para o seu quarto ano de golpe de Estado e está vendo a extrema-direita crescer rapidamente. A extrema-direita de hoje, por sua vez, é exatamente a mesma do passado: é tão sanguinária quanto a que governou o país durante a ditadura de 1964-1985, a ponto de sair homenageando o ditador Augusto Pinochet.
Veja abaixo alguns fatos que mostram o terror que foi viver no Chile sob o domínio da extrema-direita pinochetista:
1 – Atentado terrorista nos Estados Unidos
O primeiro atentado terrorista que aconteceu no território dos Estados Unidos da América foi provocado pelo ditador chileno Augusto Pinochet, em 1976. A vítima foi Orlando Letelier, ex-ministro das Relações Exteriores do governo de Salvador Allende. Allende era a principal liderança política do Chile na época, tendo sido derrubado por um golpe do próprio Pinochet.
2 – Mais de três mil estupradas
Segundo a Comissão Nacional sobre Prisão Política e Tortura, ao menos 3.621 mulheres foram detidas pela ditadura de Pinochet. Esse número deve ser muito maior, uma vez que as ditaduras pró-imperialistas têm o costume de prender e matar muitas pessoas sem efetivar qualquer registro. Das 3.621, 3.399 teriam sido estupradas, sendo que 300 ficaram grávidas.
3 – Tortura
Segundo a Comissão Valech, instituída para investigar os crimes da ditadura de Pinochet, determinou que, entre 1973 e 1980, o governo chileno deteve e torturou pelo menos 40.018 civis. Desse total, 3.065 civis foram assassinados.
4 – Inimigo da cultura, inimigo da inteligência
O ditador Augusto Pinochet ordenou a queima de dezenas de bibliotecas e, em 1988, admitiu a queima de 15 mil livros. O fascista chegou a queimar todos os livros que encontrou sobre o cubismo, pois a extrema-direita chilena achava que estava relacionada à Cuba.
5 – Destruição da aposentadoria
A vitória eleitoral de Jair Bolsonaro em 2018 e sua escolha do chicago boy Paulo Guedes como ministro da Economia têm feito com que a situação da aposentadoria no Chile seja discutida frequentemente. E isso não é para menos: em 1980, Pinochet destruiu a aposentadoria dos chilenos, incluindo a dos funcionários públicos. Segundo a propaganda da ditadura, os chilenos teriam sua aposentadoria privatizada, o que lhe garantiria um valor equivalente a 70% de seu salário em atividade. No entanto, os aposentados recebem em média 37% dos salários que recebiam antes de aposentarem-se, o que tem levado inúmeros idosos ao suicídio. Por outro lado, Pinochet manteve a aposentadoria dos militares estatizada, de modo que esses continuam recebendo 100% dos seus últimos salários quando se aposentam.