A crise capitalista arrasta consigo uma massa enorme de trabalhadores, amplia o abismo social e propicia à burguesia um exército de reserva de desempregados. A formação desse exército, por sua vez, permite uma maior exploração da classe trabalhadora, comprime a massa de desempregados em contratos de trabalho ainda mais humilhantes. A crise se desenvolve abrangendo a totalidade das massas, mas, inegavelmente, – os setores marginalizados e oprimidos são os mais severamente atingidos.
De acordo com dados da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), divulgado nessa terça-feira (26) na Secretaria do Trabalho, a situação dos negros no DF é calamitosa. Ao avaliar o mercado de trabalho do Distrito Federal, a pesquisa constatou que, do universo de 330.362 de pessoas que buscavam uma vaga no mercado de trabalho no primeiro semestre de 2019, 249.638 eram negros (75,6%), ou seja, os negros são, nitidamente, os mais atingidos pelo desemprego no DF. Constatou-se, também, que a taxa de mulheres negras desempregadas (23,1%) supera a de mulheres não negras (18%).
De um total de 1.697.436 pessoas inseridas no mercado de trabalho ou em busca de emprego, constatado no fim do primeiro semestre deste ano, 70% eram negras. A desigualdade salarial entre negros e não negros também é acentuada. A média salarial dos negros é de R$ 2.872, enquanto que a dos não negros é de R$ 5.045; uma diferença significativa de pouco mais de R$ 2 mil considerando-se a média salarial no DF de R$ 3.493. Assim, conclui-se que cerca de dois salários mínimos separam a média dos rendimentos desses dois grupos.
Uma comparação entre os primeiros semestres de 2018 e 2019, demonstrou que o índice de ocupados no DF cresceu 3,5%. Todavia, neste mesmo período, a taxa de desemprego entre os negros passou de 20,9% para 21%, registrando, enquanto que entre os não negros, houve uma queda da taxa de 21% para 15,9%.
Segundo Jean Lima, presidente da Codeplan, “é muito importante lançar um olhar específico para os perfis que compõem a população economicamente ativa do Distrito Federal, como foi feito com os empreendedores, as mulheres, os empregados domésticos e agora os negros, possibilitando uma melhor análise do mercado de trabalho”. “Assim como na sociedade brasileira, o mercado de trabalho é racializado”.
Esses dados, no entanto, revelam o caráter discriminatório do capitalismo quanto aos setores marginalizados. Nesse sentido, a situação da população negra sob o sistema capitalista se aprofunda na medida em que a crise econômica e política se desenvolve.