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Futebol

Diretoria bolsonarista do Flamengo quer roubar meia-entrada

Dirigentes do Flamengo entram com ação na justiça para reduzir a participação popular nos estádios

A diretoria do Flamengo, apesar do incrível sucesso que teve em 2019, representa não a gigantesca massa de torcedores, mas a parcela mais bolsonarista da população. Após ter negociado com o presidente uma Medida Provisória para que o clube possa vender os direitos imagens da partida sem a anuência do visitante, como se só o Flamengo jogasse, agora entraram com uma absurda ação na justiça requerendo, à União, os valores complementares das meias-entradas dos últimos 5 anos.

Esta ação tende a terminar, de uma vez por todas, com as meias-entradas em todo e qualquer tipo de evento esportivo ou cultural, pois, se bem sucedida, abrirá precedente para que toda e qualquer organizadora de evento também o faça. O governo se verá obrigado a acabar com a meia-entrada ou arcar com custos absurdos, afinal, se o governo lastrear as meias-entradas, os empresários fraudarão as vendas de ingressos, tanto aumentando o número de ingressos vendidos quanto transformando tudo em meia-entrada.

Para a classe trabalhadora, especialmente estudantes, isso pode significar o fim da sua participação nos eventos esportivos e culturais. Trata-se de, no fim das contas, um ataque à participação popular nos estádios, o grande sonho da burguesia. Por isto, não é possível deixar de salientar que é contraditório um clube que se orgulha do caráter popular da sua torcida tomar medidas completamente impopulares. Portanto, a diretoria do clube trai não só a sua torcida, mas todos os torcedores de futebol e a classe trabalhadora.

Apesar dos possíveis resultados serem uma derrota para os torcedores, a motivação da ação da diretoria do Flamengo é exclusivamente política e econômica. Para que seja possível compreendê-la, deve-se analisar o ano de 2019.

Os resultados dentro de campo foram espetaculares para o Flamengo, fruto da competência da direção. Isso não é possível negar. Entretanto, só foram possíveis, em grande medida, pelo investimento massivo realizado pelo clube. Um investimento que não é sustentável em um cenário minimamente equilibrado.

Tudo começa pelo racha no Clube dos 13, que apesar dos problemas, ainda mantinha os contratos de televisão dentro de algum equilíbrio. Clubes como Flamengo e Corinthians aumentaram ainda mais seus ganhos, tornando o desequilíbrio econômico maior ainda, até mesmo entre os clubes de maior torcida.

Em seguida, o Flamengo fez um investimento espetacular, muitas ordens de grandeza acima dos demais clubes. Talvez só o Palmeiras tenha investido tanto. Este investimento permitiu ao clube contratar Jorge Jesus a peso em ouro. Ainda do ponto de vista futebolístico, a contratação dos laterais Rafinha e Filipe Luiz, também com contratos caríssimos, arrumou os dois pontos mais fracos da equipe, as laterais. A base teórica dessa estratégia foi o Barcelona, que implementou a chamada “política de ciclo virtuoso”, que começou com a contratação de Ronaldinho junto ao Paris Saint-Germain. Entretanto, o Flamengo sabe que o preço de manter jogadores deste calibre, vista a concorrência com o rico mercado europeu. A coisa fica ainda mais crítica devido ao real completamente desvalorizado.

Para resolver o problema do fluxo de caixa, a diretoria do Flamengo fez o planejamento para ganhar todos os títulos possíveis, mesmo que sem lastro para tal investimento, com vista em aumentar o interesse dos seus torcedores e, por fim, pressionar a Rede Globo, como, de fato, o fez. O ataque à Rede Globo deve ser sempre apoiado, já que esta é a maior defensora das políticas golpistas no país. Entretanto, também não se deve ser ingênuo achando que a diretoria o faz porque não gosta da emissora carioca. Pelo contrário, ela tem total interesse na manutenção do monopólio da Rede Globo, mas busca, de todas as formas, ficar com uma fatia ainda maior do bolo.

No longo prazo, o que é buscado pela diretoria do Flamengo é o monopólio futebolístico, como acontece na França e Alemanha com Paris Saint-Germain e Bayern respectivamente. Todavia, este monopólio se dá majoritariamente por uma questão material e não simplesmente pelo merecimento. Claro que há competência na diretoria e nos profissionais do rubro-negro, afinal, o Palmeiras também fez grande investimento e atingiu resultados menos expressivos.

Para o futebol, como expressão cultural, o monopólio político, econômico e futebolístico é prejudicial. Os campeonatos tornam-se menos competitivos. O próprio interesse no esporte acaba caindo. Configura-se, assim, outro ataque ao torcedor.

Graças à pandemia, os campeonatos foram paralisados, o que não apenas suspendeu os contratos de transmissão, mas também acabou com a bilheteria dos clubes. A bilheteria, para a maioria dos times, é o seu fluxo de caixa, que permite pagar as contas da sua operação. Isto explica a adesão total da diretoria flamenguista ao bolsonarismo. Ela age claramente como a burguesia. Os interesses desta são puramente econômicos. Por isso, há o empenho pela volta do futebol, mesmo durante a pandemia.

A ação pedindo um absurdo “ressarcimento” das meias-entradas é tanto uma maneira de levantar recursos imediatos quanto de acabar com a meia-entrada. No fim das contas, quem paga é torcedor, especialmente os mais pobres, que ficam alijados da possibilidade de irem aos estádios. Tem-se aí, o resultado da degeneração capitalista no futebol, um futebol sem povo.

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