No dia 16/09 (segunda-feira) as mais de 700 pessoas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) dos acampamentos Iranir de Souza e Irmã Dorothy, localizados no munícipio de Casa Nova, no interior da Bahia, receberam uma ordem de despejo com o prazo de 15 dias para desocupar o local.
A decisão foi tomada pelo juiz Pablo Enrique Carneiro Baldivieso que acatou o pedido da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), que seria a coordenadora desse local, o Perímetro Irrigado Senador Nilo Coelho.
“Aqui era considerada uma área improdutiva, nós modificamos esta realidade”, disse o presidente da Associação dos Produtores Rurais de Irani, José Lopes da Silva.
O local é uma importante e produtiva área da Bahia, um perímetro irrigado no meio do semi-árido nordestino onde cerca de 650 hectares eram utilizados para a produção de alimentos, sendo esse ocupado pelo MST há mais de 8 anos.
Os argumentos utilizados para o despejo das mais de 300 famílias do local são que essas estariam na “reserva legal de um latifúndio que não possui nenhuma área de vegetação nativa, apenas pasto.” Entretanto, parte da produção da região vai para feiras locais e outra parte para o município de Jacobina, isso além de abastecer os próprios assentamentos.
No local também existem duas escolas que disponibilizam os Ensinos Fundamentais I e II, além da Educação de Jovens e Adultos (EJA).
O juiz afirmou que, caso não seja cumprida a ordem de reintegração de posse, a Codevasf poderá “demolir as benfeitorias construídas no local reintegrado”.
A tentativa de despejo, que não é a primeira no local em 2019, é um dos recursos da direita que tenta usar a pauta da ecologia para atacar os movimentos de luta pela terra. O MST precisa se organizar como um movimento de luta armada para defender os trabalhadores, uma vez que os ataques do governo só irão se intensificar e mais medidas como essas virão.