As manobras da direita para aprofundar a ditadura contra os trabalhadores, não param um dia sequer.
Após a demissão do ministro secretário-geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno, por conta do vazamento das denuncias sobre o esquema de benefícios através de candidatas “laranjas”, diversos parlamentares do PSL passaram a defender o fim das cotas femininas nas eleições.
Além de expressarem o completo desprezo pelas mulheres, a iniciativa ainda revela a imundice da direita brasileira que fala abertamente que é contra toda forma de cotas, ou seja, são verdadeiros inimigos de garantir qualquer tipo de direito (ainda que parcial) para todos os setores excluídos da sociedade. Exemplo da senadora Selma Arruda (PSL) que em entrevista disse: “Sou contra qualquer tipo de estipulação de cotas, seja para questões de raça, de opção sexual, de gênero. Penso que cotas, antes de incluir, excluem. São preconceituosas”.
Fica claro que estamos diante de grupos políticos que atuam com o objetivo de esmagar todas as políticas afirmativas e reivindicatórias dos setores oprimidos da sociedade. Os argumentos idiotas não param por aí, para acabar com as cotas das mulheres o autor da proposta, senador Angelo Coronel (PSD) disse: “parto do princípio de que as mulheres querem ter igualdade com os homens. Se querem igualdade, não precisa ter cota.”
Como sempre, a direita não demonstra que não tem nenhuma consideração pela realidade social das mulheres. Para defender o aumento da opressão das mulheres, buscam ocultar as dificuldades mais básicas das mulheres, como a dupla jornada ou fato de que a renda e a propriedade estão concentradas nas mãos do homem capitalista. Para estes reacionários, são problemas que não existem e não dificultam a participação da mulher na política.
As cotas eleitorais em si são apenas um mascaramento das profundas contradições de gênero na sociedade. O que foi denunciado, parcialmente, no caso do PSL é a norma em todos os partidos burgueses que usam as mulheres apenas como “degrau” para ajudar a eleger uma maioria de homens reacionários e algumas mulheres, em sua quase totalidade, defensoras do regime de dominação capitalista e machista.
Criar espaços de resistência para divulgar a luta pelo direito ao aborto, aos direitos civis básicos que não são sequer exercidos, defender a construção dos meios de auto-defesa da mulher são questões fundamentais. A luta parlamentar é uma luta limitada em sua essência e hoje mais ainda com o golpismo e a presença de grupos de extrema direita no congresso nacional.
Por meio da luta contra os ataques às mulheres (“reforma” da previdência, maior criminalização do aborto etc.) e o regime golpista, é preciso deixar claro que apenas a mobilização das mulheres, junto com as organizações de luta dos trabalhadores e de todos os explorados, será possível enfrentar concretamente a opressão sofrida pelas mulheres e provocada pela direita, fascista e golpista.