A ofensiva ideológica da extrema direita no país contra principalmente a liberdade de expressão, mas que avança em todos os terrenos da sociedade onde encontra não só espaço, mas também uma ausência de reação por parte dos movimentos sociais organizados e da esquerda nacional, é preocupante e merece, por parte da luta social de massas e do conjunto das forças progressistas nacionais, uma resposta contundente e decidida.
Um dos espaços mais atacados pela extrema direita reacionária vem sendo, no último período, as universidades púbicas, ambiente tradicionalmente ligado à resistência e luta contra o obscurantismo e o medievalismo político-ideológico. O fraudulento e ilegítimo governo Bolsonaro, através do seu ministro reacionário e direitista, Abraham Weintraub vem desencadeando, uma hedionda campanha contra as instituições de ensino superior no país, onde não faltam os ataques às opiniões dos docentes e dos alunos, com o claro e indisfarçável propósito de encurralar e fazer recuar a luta da comunidade universitária contra os planos de destruição da universidade pública e do ensino público de uma forma geral.
O obscurantismo ideológico vem se colocando mais explicitamente e de forma preocupante não somente pelas ideias(!!!) dos arautos do medievalismo, mas porque já extrapolou a esfera do embate meramente verbal para a ação objetiva, concreta, por parte dos representantes do bolsonarismo nas instituições de ensino superior. Em uma das mais importantes universidades públicas do país, a Universidade de Brasília (UnB), o professor Luis Felipe Miguel foi alvo da perseguição política ostensivo por parte de um grupo que se autointitula “Docentes pela Liberdade”, um agrupamento reacionário-direitista que se ocupa não com as atividades acadêmicas e a garantia do livre pensamento e do direito à livre expressão, mas atua como milícia ideológica, perseguindo e ameaçando os que se posicionam de forma contrária, dentro do espaço acadêmico, aos “valores morais e políticos” do bolsonarismo.
O professor Luiz Felipe Miguel, depois de explicitar uma opinião que deixou indignados os docentes bolsonaristas, onde ridiculariza um professor do grupo “Docentes pela Liberdade”, recebeu em sua casa a “visita” de oficial de justiça que lhe entregou uma interpelação para que o docente prestasse explicações. “Recebi a visita de um oficial de justiça – um rapaz muito gentil, muito bem-educado – que me apresentou uma intimação. Na verdade, não é uma queixa-crime, só uma interpelação, um pedido de “esclarecimentos”, que posso ou não atender”. O documento chega a ser patético. O alvo é uma postagem minha, velha já de meses, em que falo de “um elitista agressivo, que se tornou folclórico no campus”. “O professor quer saber se é dele mesmo que eu estava falando”. “Aproveita e pede explicações sobre meus posicionamentos políticos. Por exemplo, quer que eu justifique por que digo que o governo Bolsonaro tem “uma catinga fascista”. “Não podia ser mais evidente o caráter autoritário da investida, seu desejo de calar as críticas, seu ataque à liberdade de expressão política”. (Pragmatismo Político, 04/10).
Não há outra forma de combater a extrema direita, onde quer que ela esteja e se manifeste, a não ser com uma campanha não só de denúncia das posições reacionárias desta, mas principalmente através de uma ação política que impeça esses agrupamentos de se colocarem e agirem contra a comunidade universitária, os professores, alunos e funcionários das instituições de ensino público em todo o país.