Além das eleições presidenciais norte-americanas, 2020 também é o ano das eleições legislativas na Venezuela. O evento, previsto para acontecer no dia 6 de dezembro, já engendrou uma série de episódios dentro da política venezuelana, mesmo antes de sua realização. A oposição ao governo de Nicolás Maduro já se dividiu em dois blocos: aqueles que participarão das eleições, e os mais de 30 partidos que consideram-nas como um processo fraudulento, indigno de suas ilustres presenças. Todavia, além de discursos vazios, a direita também se mobiliza, procurando desestabilizar de qualquer forma o regime chavista.
Em setembro, um cidadão norte-americano foi detido com informações confidenciais acerca da PSDV, principal refinaria estatal da Venezuela, que seriam supostamente utilizadas para ocasionar uma explosão na refinaria Amuay, uma das principais de toda a América Latina. Entretanto, no dia 28 de outubro, este ataque se concretizou. Segundo investigações preliminares, uma das torres do complexo petrolífero foi explodida por um míssil. O atentado, que aconteceu a pouco mais de um mês antes das eleições, representa uma clara tentativa de desestabilização no regime, promovida, acima de tudo, pelo imperialismo. Além disso, Roland Carreño, um dos dirigentes do partido de Guaidó, o Vontade Popular, foi preso pelo governo de Maduro depois de desviar dinheiro da Citgo, uma das maiores empresas de petróleo do mundo, para 4 partidos da oposição.
Ademais, não podemos deixar passar a articulação que Leopoldo López, infame direitista responsável pela morte de dezenas de pessoas nas manifestações de 2014; tem armado contra o governo de Maduro. Desde sua prisão e, depois, sua fuga para a embaixada da Espanha, López tem tomado a frente, ao lado de Guaidó, do golpe de estado venezuelano. Conseguiu fugir para a Espanha com o dinheiro, inclusive, proveniente do esquema dirigido por Carreño e, agora, prepara um golpe, angariando apoio internacional para invadir a Venezuela.
Segundo Ernesto Cazal, analista político, o esquema de López e, em geral, os últimos acontecimentos no País, tem como pretexto a promoção do chamado Responsabilidade de Proteger, um mecanismo criado pela ONU que prevê a intervenção direta em outros países caso conclua-se que este está causando danos graves contra sua população. Prova cabal de que esse compromisso foi criado visando unicamente a dominação imperialista sobre demais países atrasados é o discurso que Guaidó fez na assembleia geral da ONU, utilizando do Responsabilidade de Proteger para suplicar que a comunidade internacional interferisse na situação da Venezuela.
Ou seja, como é de costume, as eleições venezuelanas estão sendo completamente boicotadas e sabotadas pela extrema-direita golpista do País e pelo imperialismo estadunidense. Afinal, a chance do chavismo ganhar é, como sempre, muito grande. Nesse sentido, a oposição coloca, em primeiro plano, a sua desestabilização e, agora que está extremamente fragilizada, utiliza de meios genuinamente terroristas, como o citado acima. Tendo isso em vista, por mais que o chavismo tenha um apoio consolidado em meio à população venezuelana, deve-se apostar, além das urnas, na mobilização popular. As guarimbas fascistas podem retornar nestas eleições, demonstrando uma clara necessidade de mobilização por parte da esquerda nacional.