Na última quinta-feira (4), o presidente do Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores no Recife, Cirilo Mota, veio a público, mais uma vez, para atacar a pré-candidata de seu próprio partido à prefeitura da cidade. Desta vez, Cirilo Mota se aproveitou de uma declaração dada por Marília Arraes dizendo que iria dialogar com o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro.
O “diálogo” com o governo Bolsonaro não deveria ser defendido por uma organização de esquerda, é fato. No entanto, é preciso aqui levar duas coisas em consideração: não houve um único prefeito ou governador da esquerda que não tenha “dialogado” com Bolsonaro. Todos os governadores, inclusive, cederam às chantagens do presidente ilegítimo para aprovar uma reforma da Previdência em seus estados. Marília Arraes apenas refletiu aquilo que se tornou prática comum entre os governadores e prefeitos da esquerda. Para romper completamente com o governo Bolsonaro, seria preciso ter uma política centralizada na mobilização das massas contra o governo, coisa que nenhum dirigente da esquerda reformista fez.
Em segundo lugar, o momento em que Marília Arraes fala em “diálogo” não tem o significado que seus inimigos, incluindo a imprensa burguesa, tentaram apresentar. Arraes não se colocou contra o “fora Bolsonaro”, mas simplesmente disse que, enquanto Bolsonaro estivesse no poder, lutaria para que o governo federal destinasse seus recursos para o Recife. Uma política absolutamente natural para o Partido dos Trabalhadores.
A política que Cirilo Mota defende é que é uma política de capitulação total ao governo Bolsonaro. Integrante da ala direita do PT, comandada em Pernambuco por Humberto Costa, Mota defende que o partido não tenha uma candidatura própria, mas sim apoie uma candidatura golpista e contra a mobilização popular: a do PSB.