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Direita do PT namora com os responsáveis pela ditadura policial em São Paulo

Em meio à profunda crise do governo fraudulento de Bolsonaro e do regime golpista de conjunto, marcada pela curva ascendente de mobilizações populares, um ato extremamente obsceno está se consumando à luz do dia. Estamos falando do namoro da direita do PT com o partido golpista por excelência, o PSDB.

Dois setores se mobilizaram em conjunto, praticamente fazendo uma “tabelinha”. No mesmo dia, 4 de junho de 2019, duas cartas foram apresentadas ao público, por meio dos veículos de comunicação do PIG, o Partido da Imprensa Golpista.

Onze ex-ministros da Justiça, incluindo aí os ministros dos governos do PT, como por exemplo Tarso Genro e Eugênio Aragão, de Temer, Collor e até do PSDB, publicaram um documento assinado pelo grupo, que se uniu tendo como eixo a defesa do desarmamento do povo e secundariamente, a oposição ao pacote Anticrime do atual ministro Sérgio Moro. Com a espada da intervenção militar que paira sobre o pescoço da população brasileira, qual o sentido de entrar em uma frente com a burguesia em torno da defesa do desarmamento do povo?

Ao mesmo tempo, de maneira mais encoberta e sutil um grupo de seis ex-ministros da Educação também publicaram uma carta assinada em conjunto, que supostamente seria em defesa da educação pública e outras questões democráticas. Nesta manobra entraram apenas os ex-ministros da educação do PT, incluindo Fernando Haddad e Aloísio Mercadante, e dos governos Collor e Itamar, ficando de fora os ministros da educação tucanos e do governo golpista de Temer.  Neste caso, caberia explicar como se daria a luta em defesa da educação pública dentro de um regime golpista, que amarrou os investimentos públicos por 20 anos, destruiu a legislação trabalhista e que caminha para aniquilar a aposentadoria e os destroços da tímida estrutura de bem-estar social que ainda é promovida pelo Estado brasileiro.

Estamos diante de uma operação que a burguesia coloca em funcionamento sempre que uma crise política atinge grandes proporções. Conforme a polarização política entre os dois pólos opostos – a esquerda e a extrema-direita –  se acentua, o centro político, responsável pela sustentação de todo o regime, começa a derreter. Para salvar o centro e a direita mais ligada ao regime político (no caso do Brasil atual o PSDB) a burguesia coloca em marcha os seus representantes das alas direitas dos partidos de esquerda. Embora estejamos diante de uma manobra manjada da burguesia não deixa de ser um espetáculo grotesco ver setores da direita do PT tentando salvar o verdadeiro defunto político que é o atual PSDB.

Capa da Veja da época do governo FHC que ficou famosa. Dá uma noção da devastação popular provocada por este governo.

Como se já não bastasse a profunda devastação social e econômica provocada pelo governo do professor Fernando Henrique Cardozo, uma lista resumida da ampla ficha criminal do PSDB inclui: a violência de suas polícias, tanto através do extermínio indiscriminado dos pobres da cidade e do campo como na dura repressão política contra os trabalhadores que protestam; o golpe de 2016, que se desfechou com a derrubada da presidenta Dilma Rousseff; a prisão de Lula; as relações carnais dos tucanos com Sérgio Moro; a eleição de Bolsonaro e finalmente, a responsabilidade pela organização da extrema-direita brasileira, que começou a se mobilizar nos atos coxinhas que pediam a derrubada de Dilma.

Por falar em relações carnais…
Foto do ato do dia 14 de junho, no Rio de Janeiro, que dá uma “degustação” de como foi a repressão policial contra a população nas principais capitais do país.

Além de todos os aspectos negativos dos tucanos destacados até aqui, no que diz respeito às lutas de interesse popular, poderíamos nos perguntar: afinal, o que a esquerda ganha com uma aliança com o PSDB e outros setores de direita?

Primeiramente, esta direita não mobiliza ninguém. Sequer Bolsonaro, que é o único na direita brasileira hoje que consegue agrupar algumas pessoas, tem conseguido mobilizar em peso a sua base social, como se comprovou nos atos do dia 26. Obviamente que os tucanos não oferecem nenhum acréscimo em termos de mobilização popular. Mesmo que conseguissem pôr sua tropa em movimento, o resultado não seria nada positivo, visto que estamos falando de tucanos, direitistas por excelência. E pior, além de tudo isto, o que vimos na realidade é que o PSDB, ao contrário, se mobiliza contra a mobilização popular, visto que a PM de São Paulo, tucana há 25 anos dispersou duramente o ato da greve geral do último dia 14 de junho.

Atos pela derrubada de Dilma Rousseff puxados pelo PSDB, onde levantaram a cabeça os monarquistas, olavetes, defensores do golpe militar etc..

Finalmente, destacamos também que as duas figuras de proa desta aproximação espúria com os tucanos são Fernando Haddad e Tarso Genro, principais representantes da ala direita do PT, conforme discutido na cobertura da nossa Imprensa há um bom tempo.

Tarso Genro e Fernando Haddad, dois representantes da direita do PT, que inclui também os governadores do Partido e um setor de seus congressistas.

Por tudo que foi elencado, estamos todos presenciando a olhos nus uma verdadeira orgia política em praça pública. A política de Frente ampla, traduzindo para o português claro, de aliança com o PSDB e a burguesia que a direita do PT está conduzindo deve ser duramente denunciada e combatida, uma vez que pode comprometer o movimento de luta contra o golpe em um momento tão decisivo. A esquerda não deve procurar ressuscitar o moribundo PSDB, aplicando-lhe descargas de desfibrilador, mas ao contrário, deve desligar os aparelhos e deixar os tucanos serem enterrados em paz. A esquerda do PT, a ala lulista, deve não só repudiar como se mobilizar contra esta aproximação do seu próprio partido dos golpistas por excelência, os tucanos.

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