A foto da secretária política do Consulado dos Estados Unidos em Hong Kong, Julie Eadeh, junto com membros da oposição local, foi distribuída recentemente por manifestantes contrários ao governo central da China, no âmbito dos protestos que já duram alguns meses naquela província chinesa.
Segundo a imprensa de Hong Kong, a diplomata já esteve envolvida em “revoluções coloridas” (golpes de Estado) em outras partes do mundo, como costuma ocorrer com altos funcionários norte-americanos ao redor do globo.
Esse é apenas mais um dos fortes indícios do papel do imperialismo nos protestos de Hong Kong. Desde o início, o governo de Pequim já vinha denunciando que funcionários de consulados de países imperialistas estavam se reunindo com opositores de Hong Kong para articular as manifestações contra a mudança na lei que permitiria a extradição de prisioneiros da província para a China continental.
Mesmo após a revogação da proposta de lei, os protestos continuaram e manifestantes chegaram a invadir e destruir o parlamento de Hong Kong, estendendo a bandeira antiga da província, de quando ainda era colônia britânica – outra clara demonstração do vínculo com o imperialismo.
Em meio aos protestos, muitos manifestantes também têm levado bandeiras dos Estados Unidos. Foi o que aconteceu no último final de semana, quando os participantes também cantaram o hino dos EUA após entregarem petições ao consulado norte-americano. “Cante pela liberdade, fique ao lado de Hong Kong”, gritaram.
De acordo com a agência de notícias Reuters, a petição exigia ao governo de Donald Trump que libertasse Hong Kong do domínio chinês. Como a cidade é e sempre foi parte do território da China (com exceção do período em que se submeteu ao colonialismo britânico), na verdade trata-se de um pedido de separação através da interferência imperialista.
O diário Global Times – ligado ao Partido Comunista da China – também denunciou o governo norte-americano: “esse consulado geral interfere nos assuntos de Hong Kong – o que é grave violação do direito internacional que rege o papel e a operação de missões diplomáticas.”
Fica claro que os protestos em Hong Kong não são manifestações espontâneas – como a imprensa internacional tenta dar a entender. Também não é um movimento autêntico iniciado pelo próprio povo de Hong Kong e que, em algum momento, teria sido cooptado pelo imperialismo. É um processo artificial, criado pelo imperialismo.
A esquerda pequeno-burguesa brasileira, principalmente partidos e grupos que se dizem trotskistas, como o PSTU ou a CST, apoiam os protestos imperialistas em Hong Kong com o argumento de que seria o povo e os trabalhadores que estariam organizando e encabeçando o movimento. Trata-se de um equívoco completo, como pode ser visto ao fazer uma simples pesquisa sobre o caráter dos protestos e quem está envolvido neles – e quem os apoia, os governos imperialistas e sua imprensa.
Seria correto disputar o movimento de Hong Kong – como qualquer movimento popular – caso ele fosse um movimento real de massas e que, devido à força do imperialismo, estaria sendo cooptado, mas que teria a capacidade de se tornar um movimento independente das massas em uma direção progressista. Mas esse não é o caso: o movimento foi criado e é dirigido pelo imperialismo.
Mais uma vez, esses setores da esquerda se postam ao lado do imperialismo contra os governos nacionalistas oprimidos e que se opõem em alguma medida aos interesses capitalistas dominantes. Foi exatamente isso o que ocorreu quando esses grupos apoiaram as “revoluções” na Ucrânia ou na Síria. Um país foi dominado pela extrema-direita, o outro foi devastado pelas bombas imperialistas.