O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), afirmou que aguarda o resultado de testes sorológicos para afirmar se o estado adquiriu ou não “imunidade coletiva”, conhecida popularmente como “imunidade de rebanho”.
“Paradoxalmente, o número alto de pessoas contaminadas, que nós não desejamos, por outro lado traz uma barreira natural, porque significa que existem muitas pessoas com os anticorpos, ou seja, com a capacidade de conter a disseminação do coronavírus. Quanto maior essa barreira natural, menor a chance de ter novos picos do coronavírus no futuro”, ressaltou Flávio Dino.
A afirmação do governador do Maranhão de que espera uma possível “imunidade de rebanho” vai ao encontro de afirmações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro de que espera ou acredita que ocorrerá uma “imunidade de rebanho” naturalmente na população brasileira. Ou seja, que a própria contaminação das pessoas irá criar uma barreira natural para a propagação de vírus, uma vez que supostamente aqueles que foram contaminados não poderiam ser contaminados novamente.
“Lembramos que o inquérito sorológico não é feito de modo censitário, ou seja, não foi feito teste em toda a população. Mas sim por amostragem, por critérios estatísticos científicos, para nós dimensionarmos, afinal, qual a resposta provável à seguinte pergunta: quantas pessoas do Maranhão tiveram contato com o coronavírus, mesmo sem saber?”, explicou o governador.
Apesar da aparência de seriedade em tais afirmações para uma pessoa leiga, ou a aparência de que tais expectativas são guiadas pela ciência, o fato é que não há qualquer base científica para tais declarações ou tais expectativas.
“A imunidade de rebanho é um conceito mais teórico do que prático nesta pandemia. Quando tiver uma doença que não mate ninguém ou não seja grave, talvez a gente possa falar de imunidade de rebanho. Mas, para essa pandemia, falar nisso é quase uma piada.”, afirmou Pedro Hallal, reitor e coordenador do Centro de Pesquisas Epidemiológicas da UFPel (Universidade Federal de Pelotas).
Segundo o pesquisador o conceito da imunidade de rebanho só é aplicado para doenças não graves ou quando uma grande parte da população foi imunizada por vacina.
“A imunidade de rebanho só acontece com uma vacina — que não existe — ou quando muita gente adquire naturalmente anticorpos. Se hoje já morreram mais de 76 mil pessoas, seria ético esperar contaminar 60% a 70% da população e deixar morrer quase 1 milhão para então atingir a imunidade de rebanho? É óbvio que não. A ideia de mirar a imunidade de rebanho como uma política de saúde é absurda, mal pensada e antiética.”, afirmou o pesquisador no dia 19 de Julho de 2020 quando os números ainda estavam longe das mais de 123 mil mortes.
Tais declarações de Flávio Dino revelam que o governador está longe de ser um governante “exemplo” para a esquerda, como propagam alguns setores da esquerda e o próprio PCdoB. Na verdade, o governador age como um político burguês qualquer, conivente com o genocídio que ocorre no povo brasileiro, ao invés de levar adiante uma política séria e coerente para evitar as milhares de mortes e ao mesmo tempo garantir meios de sobrevivência e uma “quarentena” de verdade para a quase totalidade da população, algo que nunca esteve nem perto de acontecer no Maranhão e no resto do Brasil.
Flávio Dino faz como outros governadores do país como João Dória, Witzel e Zema, que antes faziam demagogia contra Bolsonaro mas adotaram, na prática, uma política genocida em função dos interesses dos bancos e grandes empresários. Não à toa, Dino defende a aliança com esses governadores, com o PSDB e a direita na chamada “frente ampla”.