O atual governo dinamarquês está travando uma verdadeira guerra contra os imigrantes e asilados no país, tendo os mais diversos representantes de Estado declarado publicamente que vão dificultar ao máximo a estadia destes no país. A nova empreitada da direita dinamarquesa é um projeto para enviar os visitantes indesejados para uma ilha de difícil acesso, onde atualmente estão estabelecidos estábulos, crematórios, laboratórios e centro de pesquisas de doenças animais contagiosas.
Para chegar na ilha Lindholm existem duas balsas, uma delas chama-se vírus, e mostra como a burguesia trata os flagelados de sua política internacional.
Como no Brasil de Bolsonaro, os ministros da Dinamarca são os verdadeiros algozes do que devem ministrar, enquanto aqui temos militares, terraplanistas, exímios corruptos e outras figuras dignas de um pesadelo, lá a Ministra da Imigração, Inger Støjberg (Venstre-Partido Liberal da Dinamarca), declarou no seu Facebook a seguinte sentença: “eles são indesejados na Dinamarca e vão senti-lo”. Inger já é conhecida localmente por ser a vanguarda política daqueles que querem estreitar as condições de asilo no país, e diminuir o número de serviços sociais oferecidos para os que têm êxito.
O governo nórdico diz que serão abrigados na ilha aqueles que tiveram seu pedido de asilo negado, o que significa quase a totalidade dos casos, e não podem voltar para o seu país de origem, e estrangeiros que detêm antecedentes criminais.
As condições de vida na ilha são as de uma verdadeira prisão, e pode-se traçar um paralelo com a famigerada Alcatraz, nos EUA. Estando a 3 quilômetros da costa, e com travessias de barca muito escassas, aqueles que forem para a ilha terão que se apresentar no centro de Lindholm uma vez por dia, sob pena de detenção. Assim como nas prisões, essa é uma maneira de fazer o controle populacional e intimidar qualquer um que tente escapar do cárcere.
Martin Henriksen, outro político escatológico, e porta-voz Partido do Povo Dinamarquês, um dos principais partidos da direita, veio a público declarar que vão minimizar e dificultar ao máximo a saída de barca da ilha, e segundo suas próprias palavras farão o translado “o mais caro e difícil possível”.
Embora as autoridades aleguem que não se trata de uma prisão, aqueles que estiverem “alojados” na ilha são obrigados a dormir lá.
Os responsáveis pelo setor de Direitos Humanos do governo dinamarquês dizem que acompanharão o caso de perto, o que é uma declaração no mínimo insultante. Como se já não fosse um absurdo desde o princípio.
Aqueles que pedem asilo e possuem antecedentes criminais são impedidos de trabalhar, e os candidatos cujos pedidos foram negados são alocados em residências, se é que podem levar esse nome, onde não podem cozinhar e ganham cerca de 1,20 dólares por dia para poder sobreviver, e caso não estejam em bons acordos com as autoridades essa diária é retirada. Ou seja, além de serem tratados como bichos, se os estrangeiros não lamberem as botas das autoridades não ganham as migalhas que lhes garantem a sobrevivência.
Essa política assemelha-se ao método urbanístico de grandes cidades, onde para evitar que moradores de ruas durmam em bancos ou sob marquises para se proteger da chuva, são postas lanças pontiagudas para deixar o local o mais inconfortável possível. Soma-se a isso o cinismo com aqueles que consigam ser aprovados como cidadãos dinamarqueses, pois além de uma lei que proíbe o uso de vestuário que cubra o rosto – leia-se burca e outros véus muçulmanos – está para ser aprovada uma lei que exige o aperto de mão de autoridades na cerimônia de naturalização, uma piada de mau gosto quando se entende que a maior parte dos imigrantes e refugiados que vão se abrigar na Dinamarca são provenientes do Oriente Médio e do norte da África, onde a religião muçulmana é muito recorrente, na qual é mal visto para o devoto apertar mão de um indivíduo do sexo oposto.
O primeiro ministro Lars Lokke Rasmussen não pretende mais integrar os refugiados na sociedade dinamarquesa, mas sim fazer de tudo para que estes saiam dali. Ele mesmo alegou em uma reunião com seu partido, o Venstre, que “não é fácil pedir a famílias que voltem para casa quando elas já se radicaram aqui, mas é a atitude moralmente correta. Não devemos converter refugiados em imigrantes.”